sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Stone (2010)


Stone. Em inglês, pedra. Algo duro, frio e muitas vezes estático. O filme que vi na última quarta-feira é perturbante mas ao mesmo tempo libertador. O tema principal é o pecado, as suas consequências e a forma como vivemos para nos libertarmos do seu peso. É inevitável falar do filme e colocar várias perguntas, muitas delas sem resposta. Mas tudo bem. Há algo de tranquilizador em sentirmos que estamos a colocar as questões certas a nós mesmos.
Estaremos condenados a pecar? Pecamos porque nascemos com uma natureza pecadora ou pecamos e tornamo-nos inevitavelmente pecadores? Estará o conceito de pecado unicamente ligado à religião? Ou transportamos em nós, como Homens livres, a noção inata do que é o mal e o bem? Sim, muitas perguntas mas todas elas úteis para discutir.
A nossa relação connosco próprios, com os outros que nos são próximos e com a sociedade é definida pela forma como somos verdadeiros com o nosso eu. Aceitarmo-nos, na nossa condição de individuos capazes de fazer o mal e de fazer o bem, é o primeiro passo para a honestidade, para a plena absorção do mundo. Este filme é subtil e retrata as diferenças entre sermos verdadeiros e vivos e entre sermos pedras, frias e tristes. Ouçam e vejam esta história. Com promenor e com disponibilidade.
Gostei da realização do filme. Para mim, dá ênfase às emoções que trasparecem constantemente dos corpos e faces das personagens. A banda sonora é orgânica, cresce e desaparece com o que se vai passando no ecrã. O realizador é John Curran (realizador de 'Véu Pintado') e a longa metragem tem no elenco os excelentes Robert De Niro, Edward Norton e Milla Jovovich.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

As Vidas dos Outros (Das Leben der Anderen) - 2006




Estava” numa onda” de filmes estrangeiros, e tenho andado a ver os que ganharam o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Desta vez fui ver o vencedor desse Oscar no ano de 2007 - “A Vida dos Outros” (Das Leben der Anderen)

A cena passa-se na Alemanha Oriental, antes da queda do Muro de Berlim, onde o Socialismo era levado aos extremos e imperava um regime político muito complicado que limitava a liberdade de expressão, nas suas diversas formas, tornando-a muito controlada.

Fez-me lembrar a PIDE em Portugal antes do 25 de Abril.

O controlo do Estado verificava-se em todas as áreas, inclusive nas artes. Alguém se escrevia um livro e o queria publicar, este tinha de ser sujeito à censura do estado.

A cena do filme gira à volta de um encenador Georg Dreyman (Sebastian Kock) e e uma actriz Christa-Maria Sieland (Martina Gedeck).

Um Ministro envolve-se com a actriz estando ela a viver junta com o encenador. A STASI (Policia Secreta do Estado), suspeita fortemente que este anda a escrever obras/peças censuráveis, decide investiga-lo e põe-lhe a casa sob escuta 24 horas por dia.

Um Agente Secreto (Ulrich Muhe) da STASI, com uma personalidade de “ferro”, fica encarregue dessa operação e vai começando a conhecer o(s) personagem(s) principais. A primeira imagem que o agente transparece logo no princípio do filme é a de um homem extremista, rígido, severo, torturador, etc. Esta imagem durante o filme parece inabalável, mas mais para o final descobre-se que nem tudo é o que parece e que por detrás da imagem de uma pessoa destas pode estar uma personalidade muito diferente daquela que imaginamos.

Nesta missão que lhe é confiada, o agente secreto põe em causa toda a sua carreira, e tenta “tapar” os olhos a muitas das cenas que observa enquanto espião, consciente das injustiças poderão ser feitas àqueles a quem ele espia.

Não comento mais, pois o principal e mais empolgante desenrolasse mais para o final e tinha de contar pormenores que estragam a surpresa a quem quer ver o filme.

O adiantar da hora a que vi o filme, e algumas partes demasiado paradas, quase me fizeram desligar a TV. Em alguns momentos o filme parece cair no rotineiro e desinteressante, mas mais para o final, o interesse aumenta bastante e apercebemos-nos que realmente valeu muito a pena não ter carregado no STOP do comando.

Não é um típico happy-end, pelo contrário, mas é um final surpreendente e muito bem conseguido.

Vejam!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Cela 211 (Celda 211) - 2010




Este filme de realização espanhola (Daniel Monzón), é uma demonstração de algumas realidades que se passam dentro das prisões. O cenário é uma prisão espanhola, mas podia ser qualquer uma, inclusive em Portugal.

Um homem (Alberto Ammann), que a curto prazo irá ser pai, é recrutado para guarda prisional. Um dia antes do seu início de trabalho solícita aos chefes do estabelecimento prisional ir visitar a prisão, para começar a compreender, ambientar-se e aceitar o que o seu novo trabalho lhe reserva.

Justamente nesse dia, existe uma emboscada planeada para a realização de um motim. Enquanto o actor “passeava” pela prisão, a conhecer o seu futuro posto de trabalho, é atingido por um forte objecto que ao acertar-lhe em cheio na cabeça o deixa inconsciente. Quem o acompanhava, rapidamente decide leva-lo à enfermaria, mas como este estava inconsciente decidem deixa-lo numa cela que estava vazia e ir buscar ajuda. A cela em que ele é colocado é a Cela 211.

Os guardas que foram em busca de ajuda, não voltaram mais. É iniciada uma rebelião na cadeia. Os reclusos conseguem as chaves das celas e invadem-se, ficando confinados ao espaço do estabelecimento prisional.

Qual vai ser a reacção do suposto futuro novo guarda prisional? Vai fazer passar-se por um recluso! Mas e todas as coisas que traz consigo (telemóvel, cinto, anel, etc), a sua boa aparência, não irão levantar fortes suspeitas? Acreditarão os restantes reclusos que este é apenas mais 1 preso?

Diz o ditado “Se não consegues vence-los junta-te a eles”, conseguirá o personagem principal juntar-se a eles? Que terá de fazer e como o poderá fazer?

No estabelecimento prisional encontram-se também, em lugares diferentes, membros da organização terrorista ETA que poderão ser cartas de troca, factores de negociação. Como irão proceder os restantes presos liderados por Malamadre (Luis Tosar). Se isso se torna público, pode levar a ataques de terrorismo. As autoridades tentam a todo o custo manter o anonimato dos etarras.

As redes televisivas dão grande enfoque ao acontecimento e inevitavelmente, a mulher do novo guarda prisional assiste a tudo na TV e entra em pânico… Grávida de 6 meses, envolve-se nas multidões que querem reencontrar os seus familiares. Mas a policia, dar-lhe-á o apoio e a protecção sabendo que tem “culpa no cartório” por ter ficado lá dentro o pai da criança? Ou pelo contrário, não lhe darão qualquer atenção?

Membros do governo, membros das policias, directores e chefias prisionais, negociadores, os GOE… conseguirão chegar a acordo com os presos, tendo a situação completamente fora de controlo e o fantasma da ETA a pairar?

Um meu comentário a um filme composto essencialmente por perguntas! Com estas perguntas dá para perceber o interesse que o filme pode suscitar. Levanto um pouco o véu com outro provérbio “ Junta-te aos bons e serás como eles; junta-te aos maus e serás pior que eles”.

Gostei do filme e aconselho a ver, quem goste de um bom filme de acção, drama, suspense. Algumas partes do filme fazem-me lembrar certas cenas de uma serie que adorei - Prision Break.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O Laço Branco (Das Weisse Band) -2009




Quando um filme é longo (2h:24m) e não se dá pelo tempo passar, é sinónimo que estamos "presos" ao ecrã e que se está a assitir a um bom filme. Foi o caso de "O Laço Branco".

É um filme alemão que ganhou o prémio “Palma de Ouro” no Festival de Cannes de 2009, o prémio de melhor filme no” European Film Awards” e em Hollywood o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

A história remonta à segunda década do século XX, em “vésperas” da 1ª guerra mundial. Uma Aldeia protestante no interior da Alemanha vê o seu sossego ser inquietado por uma sequência de assassínios misteriosos e actos de violência e vandalismo.

O filme é relatado pelo professor da aldeia, na época com os seus 30 anos, e actualmente já com uma idade bastante avançada.

As famílias, todas elas, eram numerosas… e muitas “bocas” para alimentar levavam a que as condições de vida não fossem as melhores e quase metade da aldeia dependesse do trabalho que um rico proprietário agrícola, um Barão, tinha para oferecer. O medo começa a pairar sobre a aldeia agrícola e agudizasse quando desaparece o filho desse Barão.

Eram muitas as crianças em quase todas as famílias e os maus tratos e violência infantil eram um hábito e uma cultura instaurada. Para além dos castigos físicos e psicológicos a que as crianças estavam sujeitas, foi instituído pelo Pastor da igreja o uso de Laço branco como sendo um símbolo da pureza e a inocência que as crianças deveriam transparecer. Grande parte das vezes, essa “pureza” era conseguida pela punição, pelo castigo, pela dor e pelo medo que se espelhava nas crianças da aldeia.

O filme mostra o lento desenrolar de romance entre um professor de cerca de 30 anos, e uma jovem de 17, com um namoro distante, por carta.

Na época, o professor insinua que um conjunto de crianças da aldeia, pertencentes a um coro, é suspeito dos vários crimes que acontecem. Essa ideia não é bem recebida, principalmente pelo Pastor.

Um Médico que sobrevive a uma tentativa de homicídio, também ele com uma família numerosa e faminta de carinho, tem alguns filhos deficientes muito provavelmente frutos de incesto e pedofilia.

Enfim são várias as personagens, todas elas com características peculiares, que se cruzam neste filme e escrevem a sua história.

O facto de o filme ser projectado a preto e branco traz mais realismo ao filme, e transportam-nos facilmente para os inícios do século passado. O escuro do filme, em certas situações, obriga-nos a sermos nós os criadores de cenários possíveis. E escolhermos a cor com queremos pintar cada personagem misterioso do filme.

Paira o segredo de quem é realmente o autor dos vários assassinatos e actos de violência.

O produtor é austríaco e o filme é passado na Alemanha… uma criança de origem austríaca e que cresce na Alemanha traz-me à memória o Hitler. Poderá haver algumas semelhanças entre algum dos personagens do filme e a infância de uma criança que se tornaria Nazi?

domingo, 19 de dezembro de 2010

22 Balas (22 Bullets) - 2010




3 amigos de infância franceses, juram manterem-se “irmãos” para o resto da vida, haja o que houver. Quis o destino que enveredassem pelo mundo da máfia francesa.


Um desses 3 amigos Charly Matteï (Jean Reno) tenta “descolar-se” desse mundo e vivia feliz com a sua família em Marselha, convencido que essa parte obscura do seu passado tinha terminado.

No entanto esse seu passado deixou rastos de sangue e quando ele pensava que as “águas passadas não moviam moinhos”, elas fora justamente a causa para que este fosse brutalmente atingido por disparos na tentativa de ser abatido! 22 Balas foram-lhe retiradas do corpo e o personagem continuou vivo (um milagre…).

Em jeito de vingança e tentando a todo o custo proteger a sua família, procura vingança de todos aqueles que dispararam sobre si e que trabalhavam para um desses seus “irmãos” de infância, que prometeram amizade perpétua.

Um por um, cada interveniente no tiroteio vai sendo abatido. A polícia desconfia da autoria dos seus atentados, no entanto, uma Capitã da polícia, também ressentida e amargurada pelo recente assassinato do seu marido, pelo mesmo gangster, dá alguma “protecção” ao personagem principal encobrindo alguns desses seus crimes de vingança.

3 Amigos de infância, um trai brutalmente o outro!! E o terceiro amigo? De que lado fica? É uma resposta que se descobre no final do filme de uma forma peculiar.

Associei este filme a um outro francês que vi há já uns tempos chamado “Taken” (muito bom, recomendo). Só no final do filme é que descobri que os produtores (Luc Besson, Robert Mark Kamen) eram os mesmos tenho de ver mais filmes deles.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Sem Nome (Sin Nombre) - 2009




Adorei o filme! É um filme carregado de emoção.

Ajuda-nos a ter uma noção do que muitos imigrantes têm de passar para conseguir chegar aos seus destinos.

Os sofrimentos de famílias que cruzam países (Guatemala, Honduras, México, etc…) para chegar ao seu destino tão ambicionado… Estados Unidos da América, fugindo e escondendo-se dos “fantasmas” das autoridades e de gangs que vivem do assalto, do furto e da violência.

O filme retrata essas dificuldades e sacrifícios que muitas famílias têm de passar, sendo muitas vezes separadas, com a quimera de se voltarem a encontrar brevemente, mas também com a ameaça de que o destino os pode definitivamente separar.

Este sofrimento de imigrantes ilegais, cruza-se com submundos de gangs, espalhados por vários estados/países.

Um jovem (Edgar flores) membro destes clãs organizados acaba de perder o seu amor. A sua vida deixa de fazer sentido, e o personagem trai o líder do seu gang para salvar uma jovem (Paulina Gaitan) imigrante clandestina, com a qual acaba por estabelece laços muito fortes. A desordem desse membro do gang (ainda que a querer fazer justiça), leva à sua demanda, com o objectivo de ser morto o “traidor”.

Todo o filme traz-nos o retrato da pobreza extrema na América do sul, cheio de silêncios perturbadores e carregado de mensagens trocadas pelos olhares de sofrimento e desespero dos personagens e, paralelamente, presenteia-nos com belos cenários de campos verdejantes e lindas paisagens naturais durante a viagem de comboio.

O final, não mostra o destino de grande parte desses emigrantes que pensam ir encontrar o país do el dourado, mas nem sempre são presenteados com as maravilhas idealizadas (muito pelo contrário).

Faz-me reportar a situação para o nosso país e olhar para os “guetos” sociais em Portugal, nos quais vive a maioria dos imigrantes (legais e ilegais), provindos essencialmente de África, leste da Europa e Brasil, e pensar se eles tiveram de passar por situações semelhantes ou piores, e se esse percurso compensa, para vir viver nas situações precárias, (das quais apenas conseguimos ver uma franja).

Mais uma vez, fora de Hollywood, a América Central (México) ” a dar cartas”, numa bela produção cinematográfica, realizada por Cary Fukunaga.

Aquário (Fish Tank) - 2009





Um filme dramático, que nos faz pensar de como é a vida de tantas famílias e adolescentes.

A película gira em torno de uma adolescente de 15 anos, Mia Williams (Katie Jarvis) que enfrenta a fase de afirmação, perante uma sociedade cheia de “espinhos”, que é o seu meio envolvente.

Uma jovem revoltada com a vida. Expulsa da escola por mau comportamento, sem o mínimo apoio familiar… pelo contrário. Um pai incógnito, uma mãe alcoólica e sem o mínimo sentido de responsabilidade, com 2 filhas menores e envolvida com um homem (Michael Fassbender).

Dentro da mesma casa, a adolescente, assiste ao desenrolar dessa vida boémia que a mãe leva e do seu relacionamento com o namorado/companheiro/amante.

A jovem tenta agarrar-se a alguma coisa que gosta (dança, animais) mas não tem o mínimo apoio… quem lhe dá algum alento é apenas o amante da mãe que tenta através de palavras de conforto, aumentar-lhe a auto-confiança.

Incentiva a desenvolver aquilo em que ela se sente bem a fazer… dançar! Empresta-lhe a sua câmara de filmar para ela fazer uma maqueta para enviar para um concurso.

Uma noite, a, mãe chega a casa totalmente embriagada, e o amante da mãe envolve-se sexualmente com a adolescente. O homem apercebe-se do erro que cometeu e tenta desaparecer da vida daquela casa.

A adolescente, revoltada, pensando ter encontrado o primeiro e eterno amor da sua vida, persegue-o e vai encontra-lo numa casa luxuosa (comparada com a sua) e já com uma família constituída.

Este pede à adolescente que desapareça, que se esqueça o momento que passaram, argumentando que um momento de loucura e que se considera pedofilia. A adolescente não aceita a desculpa e tenta vingar-se do homem através da sua filha pequena.

No final, a actriz principal abandona a mãe (o que esta até considera um favor) e a sua irmã mais nova (provocando a esta uma dor imensa) e parte com um amigo para um destino meio incerto, próprio de uma jovem adolescente, que procura algo melhor na vida.

É o retrato de uma vida que acredito que se repita em milhares de famílias. O álcool é uma permanente no seu meio envolvente, o abandono escolar, os comportamentos menos correctos e a falta de atenção quer da família quer de amigos, levam adolescentes a adoptar comportamentos menos correctos.

Encontram na rua o que chamam de “amizades” e se a sua personalidade não for muito forte, deixa-se ir por caminhos que os levam à perdição.

Uma realidade passada em Inglaterra, mas que é um “copy-past” do que se passa em Portugal e muitos outros países.

sábado, 11 de dezembro de 2010

O Concerto (Le Concert) - 2009



Imaginemos que a orquestra da Gulbenkian recebia um convite por fax para ir actuar em Paris. Entretanto quando o fax chega, quem o recebe é o empregado das limpezas, que decide ir ele e os seus amigos músicos em vez de ir a verdadeira Orquestra. Engraçado? Pois o filme gira à volta desta ideia mas substituímos a Gulbenkian pela Orquestra russa “Bolshoï”.

O argumento do filme passeia à volta desta tematica. Um antigo conceituado maestro da União Soviética Andreï Filipov (Aleksey Guskov), é destituído do cargo, pelo regime soviético por não aceitar separar-se de alguns dos seus músicos apenas por estes serem judeus. Em resultado disso acaba destituído de Maestro e passa o resto dos dias como empregado de limpezas no teatro de Moscovo.

Um dia está a fazer a limpeza no escritório e recebe um fax endereçado à direcção do teatro, uma proposta de Paris para a Orquestra “Bolshoï” ir actuar num dos maiores palcos europeus. O ex-maestro rouba o fax e decide reunir todos os seus antigos músicos e todos eles fazerem-se passar pela verdadeira e actual orquestra russa e tocarem um dos temas principais de Tchaikovsky.

O filme é uma comédia/drama, mas considero que o drama pesa mais no prato da balança. Poderiam realmente ter sido colocadas mais umas “pitadinhas” de comédia no filme.

O reagrupar de todos os antigos colegas, cada um com suas caricatas características, desde ciganos, judeus, vendedores, mendigos, passando por outros ex-músicos com peculiares características… podia contribuir para desenvolver o potencial de comédia do filme, mantendo a mesma intensidade dramática.

A música clássica carrega bastante o filme de drama e emoções. O destino leva a que a Orquestra actue conjuntamente com uma bela e prestigiada violinista francesa Anne-Marie Jacquet (Mélanie Laurent). O aparecimento desta personagem na viagem a Paris “toca” a toda a Orquestra, muito especialmente ao maestro já que esta teve/têm um papel muito importante na sua vida passada.

Um coliseu completamente repleto, uma Orquestra cheia de vontade e talento, uma violonista muito profissional e motivada, tocam uma música que, até mesmo para quem não aprecia música clássica, faz arrepiar. Durante a actuação, enquanto a jovem violinista e o maestro vão trocando olhares, este vai tendo flashes de quão bom vai ser o seu futuro, o da sua orquestra e o da violinista.

De zero a dez dou um 6,5 valores. ;-)

Dia e Noite (Knight & Day) - 2010




Mais um daqueles filmes que só se vê porque não há nada mais interessante para se fazer. Se aparecer outro entretenimento mais interessante, não há qualquer problema em desligar o DVD e deixar o filme a meio.

Tom Cruise e Cameron Diaz, num filme de acção onde se contam pelos dedos as coisas que eram realmente possíveis de acontecer. Tiros e mais tiros sem um arranhão o good-boy consegue “abater” um exercito e proteger-se a si e à sua donzela. Voos e acrobacias qual Superman, Batman, Spiderman… enfim um filme com um argumento mais do que trivial… paupérrimo.

Tudo para salvar e proteger uma pequena bateria que tinha power, para dar energia a tudo e mais alguma coisa… No final, o cientista inventor, comenta com a maior naturalidade “…não há problema, eu faço outra” ;-) com grande descontracção!! Realmente justificou-se os tiros, as mortes e destruições para protegerem aquela! lol

Levou um tiro!! Está mal, muito mal, quase a morrer… passado segundos já anda a lutar em cima de comboios, a saltar de carruagem em carruagem, de andares e pontes (se alguém conhecer o remédio ou o medicamento, diga-me, sff)… no fundo é o que a generalidade chama de acção/comédia… respeitem-se os gostos!

Simplesmente acho triste que um filme destes consiga estar nos cinemas 2, 3 semanas e outros com argumentos muito mais ricos nem cheguem a estar uma semana e com um registo de bilheteiras muito mau… acho que reflecte aquilo que os mais comuns transeuntes procuram no cinema. A genuidade e realidade de um filme, são preteridas em prol do sensacionalismo, tiros, porrada, etc…show-of!!

Ahh… e a cena passa-se em “n “países!! Atenção portugueses, porque também se passa nos Açores.E é feita uma revelação...E ao contrário do que pensamos, o arquipélago não tem 9, mas sim 10 ilhas!!Pelos vistos andamos distraídos! há uma nova ilha que nós ainda não conhecemos… e ao contrário das restantes a areia não é preta e tem cocos!! E mesmo desabitada e desconhecida, os telemóveis têm rede… espectáculo! (não devem ser da tmn ) lol

Há filmes de todos os gostos e feitios… e gostos não se discutem!!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O Segredo de Seus Olhos - (El Secreto de Sus Ojos) - 2009



Uma excelente obra da 7ª arte. Adorei o filme… bem merecida a estatueta de melhor filme estrangeiro! É o exemplo de que não é só em Hollywood que se fazem bons filmes, neste caso, a Argentina/ Espanha dão provas disso.

O filme desenrola-se em 2 cenários temporais, 1974 e finais dos anos 80. Um detective (Ricardo Darín), que já na sua reforma tenta escrever um livro acerca de um caso que o marcou muito no passado enquanto agente de policia: 2 mortes trágicas e brutais, uma das quais o seu melhor amigo (sempre embriagado mas muito fiel).

Mas a história do seu livro está incompleta e o escritor, vai à procura do final da história… revivendo todo o passado e descobrindo peças do puzzle que completam o seu romance policial.

Uma mulher é brutalmente assassinada. O seu marido pede justiça e o assassino é preso. Mas a passividade do sistema de justiça argentino, leva a que num curto período de tempo, o preso esteja em liberdade. Esta liberdade do assassino, desponta nele um sentimento de vingança.

No meio de todo este enredo, uma morte trágica consegue bem espelhar o que se pode considerar uma verdadeira amizade.

Paralelamente a uma relação profissional, desenrola-se uma ligação emocional muito forte. Os olhos são a manifestação dos sentimentos vividos e revividos pelo detective e uma magistrada (Soledad Villamil).

Vivem e revivem momentos vividos de um passado que ambos viveram. O profissional vai-se transformando em emocional. Essa troca de olhares entre uma magistrada e um detective deixa de ser apenas uma simples observação profissional para se transformar em contemplação emocional.

O filme também “traz à baila” a discussão entre a Pena de Morte e a Prisão Perpétua. Qual das duas deve imperar?

Uma dor instantânea e brutal, que em segundos retira do mundo a existência a um ser humano, deixando para traz uma vida, que com voltas e reviravoltas ainda poderá ser vivida? Ou a privação de liberdade para o resto dos dias do ser humano, fazendo-o carregar um peso na sua consciência através de um continuo e enorme sofrimento físico e psicológico, que só o levarão a pensar na morte?

As respostas dividem-se mas no final do filme o realizador (Juan José Campanella) encarrega-se de tomar uma decisão.

Acho que é de realçar a excelente caracterização e representação da década de 70 e 80 e o pormenor (importante) de uma máquina de escrever não ter a letra “A”.

Volto a dizer: Excelente filme!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Encontros em Nova York (Please Give) - 2010



Um drama interessante. Apesar de um pouco parado, gostei de ver o filme, pela sua simplicidade, pelos seus momentos de silêncio profundos que nos fazem pensar na vida… na nossa e na dos outros, como podem ser tão distintas e até que ponto os nossos momentos emocionais podem contribuir para a nossa felicidade. E a dos outros.

A vida de um casal, já com uma filha de 16 anos. Na crise de identidade e com os problemas próprios de uma “teenager”, e de que forma o pai e a mãe reagem a essa crise. Sendo filha, mas tendo quase tudo o que necessita, até que ponto devemos continuar a satisfaze-la com futilidades em vez de dar aos outros. Ser voluntário e dar a quem mais necessita? Ser ambicioso e querer mais negócios na vida, cujo sucesso depende da morte dos outros?

Uma avó… tratada por duas netas já “na casa” dos 30 anos cujos objectivos de vida são completamente antagónicos. Uma que é linda, é um modelo de mulher, bonita e que vive de futilidades, a vida para ela gira em torno da beleza, da moda, da beldade do corpo, mas a vida sentimental é feita de “flirts”, sem qualquer objectivo.

A outra, não tão bonita, e inexperiente de amores, dedica-se muito ao trabalho numa clínica onde o cancro da mama é muito frequente, e dá permanentemente palavras de apoio a muitas dessas mulheres que “andam sobre um fio” entre a vida e a morte. Tenta compreender a avó, que previsivelmente também não durará muito mais, mas a teimosia e arrogância próprias de uma mulher com mais 80 anos exigem muito carinho e compreensão.

O acaso leva esta neta a encontrar alguém de quem gosta e cujos sentimentos são genuínos indo contra o socialmente correcto na disparidade física entre casais.

Enfim, um conjunto de características, comportamentos e atitudes que se misturam em Nova York e onde as palavras “família”, “relações”, “ futilidade”, “preconceitos”,” traição”, “amizade”, “amor” são cruzadas e formam um jogo complexo, próprio das nossas vidas, que com a velocidade do tempo, nos passam ao lado e não damos por elas.

A capa do filme mostra um coração a doar sangue… mas há muitas outras formas de “dar sangue”. Estamos próximos do Natal, aproveitemos esta fase do ano para pensar sobre as palavras “voluntariado”, “doar” e “amar” Podem ser boas prendas.

Quem gosta de dramas, veja este filme!

Jogo Limpo (Fair Game) (2010)




Jogo limpo é um filme com algum teor político. Reflexo do que se pode passar, e passa certamente, nos bastidores dos políticos que nós vemos diariamente na Televisão.

Este filme é baseado numa história verídica, reporta ao ano de 2001, ao ataque do 11 de Setembro, e as reacções da Casa Branca a esse ataque, nos anos subsequentes.
Para a maior potência do mundo, assim como para todo o planeta, este ataque foi um sinal de que ninguém é imune à guerra.

A guerra que pode ser fundamentalista, pode ser moderada e ter alguma razão de existir para procurar a paz ou pode-se tratar apenas de conveniência e imagem politicas.

Valerie Plame (Naomi Watts) é uma agente secreta da CIA que é envolvia nas investigações da Al-Qaeda e procura por todo o mundo ligações que possam conduzir ao terrorismo e que possam ser apanhadas algumas das “cartas” do baralho de Sadam.

Não suas investigações, são feitas descobertas que levantam suspeitas de ligações entre a Al-Qaeda e países africanos, no fornecimento de materiais bélicos ao Iraque. Entretanto nada se consegue provar. Pelo contrário, aquelas provas que pareciam ser ameaças foram refutadas.

Entretanto a passividade de decisões politicas de Bush perante a comunidade dos Estados Unidos e do mundo, a falta de provas, a necessidade de apresentar resultados anti-terrorismo e justificações para a invasão do Iraque, levam a que o poder politico passe por cima da ética profissional da agente secreta Valerie Plame e transforme a mentira em verdades.

O acesso a ficheiros secretos do passado e a falsificação de documentos, comprometem a personagem principal e põe em causa a sua carreira e identidade. Esta apercebe-se que as suas várias tentativas de provar a sua inocência e lealdade e salvar vidas em risco só levam a que seja cilindrada pela casa Branca, perante a comunicação social com mentiras atrás de mentiras que põe em risco a sua vida e da sua família.

O marido Joe (Sean Pen) , embaixador dos EUA, também caluniado politica e socialmente, tenta a todo o custo limpar a sua imagem e da mulher, através de programas de televisão e palestras em faculdades, mas acaba por perceber o que a mulher já tinha percebido: Não há forma de 2 comuns cidadãos (ainda com algum poder), irem contra o Pentágono e a Casa Branca. São simplesmente os lugares mais poderosos da terra onde a ética, os valores e as vidas humanas são atropeladas por valores políticos e de imagem social.

Será que alguma vez isto irá mudar? A história é real, e termina com a verdadeira e real protagonista da história ( a verdadeira agente secreta da CIA) a fazer um depoimento em tribunal, da sua lealdade perante a corrupção que existe na Casa Branca.

Cada frase de um político é profícua em mensagens directas e indirectas. Eles querem a todo o custo manter a sua imagem… como combater a corrupção dos poderosos? É esta a questão que fica no final do filme.

Por detraz dos bastidores do poder! vejam...