domingo, 24 de julho de 2011

Hotel Ruanda (1994)



Por sugestão de um amigo, despendi 121 minutos a ver um filme de 1994 – Hotel Ruanda. Um filme que nos reporta para uma profunda crise social e politica no Ruanda, com devastadoras consequências.

Por herança da anterior gestão belga o país está dividido entre uma minoria, que já está há muito no poder - os Tutsis, e a restante maioria - os Hutus. É assassinado o presidente no governo e os Hutus tentam tomar o poder recorrendo à violência extrema e a extermínios em massa.

Os Tutsis (que eram apelidados de “baratas”), tornaram-se no alvo principal a abater, mas arrastam com eles, milhares de civis que se tornaram vitimas deste brutal genocídio.

Paul Rusesabagina (Don Cheadle) trabalha no hotel Ruanda e mal começa a guerrilha, o director do hotel, sai do país, e delega-lhe gestão do empreendimento. O hotel começa, cada vez mais, a servir de campo de refugiados. Paul, com meios muito reduzidos, tenta proteger centenas de pessoas, mas especialmente a sua mulher e filhos.

Face à falta de recursos, é fraca a figura do Ruanda no painel internacional, o apoio da ONU é mínimo. Todos os brancos são evacuados do país, ficando este completamente entregue aos negros. A corrupção, as “luvas” para todo e qualquer favor. O dinheiro perde o valor e os assaltos proliferam, a destruição é maciça e as mortes incontáveis.

Neste cenário, Paul tem de negociar com “amigos” e inimigos para conseguir salvar a sua família e as centenas que se encontram no hotel Ruanda. É este o argumento do filme! É verdadeiro e baseado em factos reais.

Um filme que vale muito por este cenário (quase real) representativo daquilo que foi um facto atroz em 1994, e a forma como um homem tenta gerir um enorme grupo de refugiados e estabelecer as pontes entre os vários envolvidos na guerrilha: forças de segurança, guerrilheiros, Nações Unidas, Cruz Vermelha, etc.

Destaca-se também o papel da sua mulher Tatiana (Sophie Okonedo), e da passagem muito despercebida do câmara-man Joaquin Phoenix.

Vale a pena ver.

sábado, 23 de julho de 2011

O Turista (2010)



Um filme para ver em família num domingo à tarde…. Sem grandes surpresas, com uma dose de suspense muito fraca, mas é um filme com alguma dose de entretenimento!

Num comboio, a caminho de Veneza, cruzam-se as vidas de um turista (Johnny Depp), que talvez seja mais que isso, e de uma agente secreta (Angelina Jolie). Uma simples troca de olhares, seguido de um jantar levam a que nasça uma paixão, que por ironia do destino, junta o polícia e o ladrão!

É daqueles filmes que se juntam ao grupo do tipo “James Bond”... tiros e mais tiros, nem um arranhão e o bom sempre se salva! Bandos de policias e ladrões que aparecem “do nada”, sempre que são precisos… o “imprevisível” aparenta sempre ser “planeado”.

Angelina Jolie, mantém-se fiel à imagem atraente, misteriosa e séria de outros seus filmes (“Mr. & Mrs & Smith”, “Wanted”, “Salt”, “Changeling”, etc) e Johnny Depp, continua incontornavelmente associado aos “Piratas das Caraíbas”, aqui, também a cambalear, mas sem a garrafa na mão e em cima dos telhados de Veneza.

Adorei os cenários do filme e a sua envolvente… os canais de Veneza, as grandes gôndolas, as imensas pontes, enfim… o nosso pequeno Aveiro em ponto gigante.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Biutiful (2010)



Barcelona é uma cidade linda, merecedora de ser visitada e revisitada, mas, como todas, tem a sua parte degradante, pobreza e miséria! É nestes meandros que este filme se desenrola. Um homem (Javier Bardam), com um cancro que lhe está a por fim à vida… sabe que não irá durar muito mais, mas não quer acreditar que isso pode ser verdade, e isso incita-o a preocupar-se com aqueles que o rodeiam e os quais ele mais ama – principalmente os seus 2 filhos.

Diz conseguir contactar com mortos que acabam de “partir” e vive num submundo onde trabalhando com comunidades chinesas e senegalesas convive com a contrafacção e a venda clandestina. Assiste, revoltado, à exploração da mão-de-obra, que roça a escravatura e procura ajuda-los, mas o destino trai-o, aumentando as suas angústias e acaba por matar uma comunidade desses chineses.

Detentor da custódia das crianças, em prol de uma mãe ausente, entregue ao álcool, drogas e uma vida boémia. As contingências dessa situação entregam-no mais ao desespero levam-no buscar alguma alegria nas suas crianças.



São estas as circunstâncias do drama que este homem atravessa e que mesmo com a saúde a degradar-se a “passos largos” e morte a querer bater-lhe à porta, tenta a todo o custo resistir a esta dura vida.É apenas uma breve descrição da envolvente do filme que vale pela genuinidade daquilo que são muitas das famílias, não só espanholas, mas de todo o mundo.

O início e o fim do filme são semelhantes… a morte a chamar o personagem principal.
O significado do título do filme – “Biutiful”, é uma cena que remonta para uma parte do filme onde a filha lhe pergunta se a palavra se esta palavra está bem escrita, e ele, na sua ignorância, lhe diz que sim! É esta imperfeição que é mostrada… a palavra é apenas um símbolo do enredo da película.

Também vi o filme “O Discurso do Rei”, e na minha opinião, acho que Javier Bardam esteve melhor na representação que Colin Firth. Ainda não vi o filme vencedor de Melhor Filme Estrangeiro (“In a Better World”), mas a estatueta não era mal entregue ao filme “Biutiful”.