domingo, 4 de setembro de 2011

Num Mundo Melhor (2010)



No meu comentário ao filme “Biutiful”, mencionei que era merecedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro… e até ao momento era, mas este consegue supera-lo. Acho que foi bem entregue a estatueta.

“Num Mundo Melhor” é um filme passado na Dinamarca onde são cruzadas as vidas de duas crianças em situações delicadas: Elias e Christian. Elias vive um momento de separação dos pais, a ausência do pai, que enquanto médico divide o seu tempo entre a sua família e um campo de refugiados em África. Elias é também vitima de fortes momentos de “bullying” na escola; Christian acaba de perder a mãe e sente-se revoltado com o mundo e especialmente com o pai achando que este tem culpas por ter optado pela eutanásia provocando a morte da mãe que sofria de um cancro já em fase terminal.

Não entendo do assunto mas parece-me que o filme daria um bom “study-case” para uma aula de psicologia infantil. Ajuda a perceber de que forma factores como a família, a amizade, o companheirismo e a noção de justiça podem levar crianças a actos tão atrozes como espancar colegas e explodir veículos como forma de impor essa justiça em prol daqueles que mais gostam.

Os conceitos de “vingança” e “perdão” são muito sublinhados no filme e constituem o seu pano de fundo e a sua essência.



O pai de Elias, enquanto médico num campo de refugiados, vive momentos drásticos, casos de vida e morte, situações de extrema violência e injustiça. Com estas situações aprende que a vingança não é o melhor caminho para se atingir os fins. Ele tenta transmitir este conceito ao filho, mas até que ponto uma criança, no seu mundo, consegue ter a noção dos conceitos de vingança e perdão, conseguindo que o segundo vença o primeiro?

“Num Mundo Melhor” consegue atingir uma pontuação de 7.7 (numa escala de 0 a 10) no site IMDB, o que é um sinal da boa qualidade da película.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº3 - Patch Adams (1998)


Para explicar o porquê de gostar tanto deste filme é necessário dizer que este é muito mais que isso, é uma história verdadeira e que inspira. A lista que estou a construir com 15 dos filmes que mais emocionalmente me marcaram não poderia deixar de contar com uma história que carrega um dos sentimentos que mais gosto de cultivar: o optimismo. Deverei ter visto Patch Adams pela primeira vez há quase 10 anos. Nessa altura fui atingido pela enorme boa vontade, criatividade e boa disposição que o actor Robin Williams emprestou à personagem deste médico que na verdade, existe mesmo. Hunter ‘Patch’ Adams foi um jovem, a quem a vida o empurrou a fazer escolhas de uma vida. Ele fundou um hospital aberto 24 horas por dia e que oferece serviços grátis: o Instituto Gesundheit. Adams é da opinião que o objetivo máximo de um médico não é apenas curar mas, acima de tudo, cuidar.
A história no filme passa-se dentro de um hospital universitário onde Patch Adams tira o curso para se tornar médico. Entre aulas, estudo e a vida entre os seus colegas, cedo se começam a notar as visões e atitudes fora do comum em relação à abordagem que os médicos devem ter perante aqueles que necessitam de cuidado. Durante a prática universitária que inclui a visita regular aos quartos, enfermarias e salas de operações, Adams observa uma relação demasiado distante e desigual entre os tradicionais médicos(as) e enfermeiros(as). Apesar de estas últimas tomarem o seu partido à medida que o tempo passa. Perante isto, o espírito fresco, jovem e optimista de Patch Adams resolve intervir mais de perto e defender os pacientes, aproximando-se deles com o seu sorriso, o seu positivismo e a sua atenção. Mas, considerando formas estar e atitudes tão enraizadas na prática hospitalar, é compreensível que haja quem não partilhe destas inovadoras visões da prática da relação entre o médico e os doentes. Dean Walcott (representado por Bob Gunton), é quem representa esta facção que reprova veemente as práticas de Adams. Este médico reitor faz tudo por sabotar as intenções de Patch Adams. Este responde-lhe com mais e mais humor, amizade e igualdade perante os doentes. Entre as cenas divertidas do filme, há uma que representa bem o ambiente provocatório existente entre os dois. Aquando da organização de uma conferência de ginecologia que deveria ser organizada pelo hospital e também por Patch Adams, o estudante invulgar resolve dar as boas vindas aos médicos ginecologistas de uma forma engraçada e peculiar. À entrada do local reservado para a conferência, Patch instala umas pernas femininas gigantes nas quais a vagina é a porta de entrada do hospital. Escusado seria dizer que Dean Walcott, o reitor, fica fora de si perante isto e que este episódio é a gota de água usada para que Dr. Dean leve em frente a sua intenção de não permitir que Patch se torne médico.
As ideias loucas e os sonhos apaixonados de Patch Adams são partilhados com os seus colegas mais próximos do hospital universitário, Truman (Daniel London), Cari (Monica Potter) e até com o aluno exemplar Mitch (Philip Seymour Hoffman). Mitch representa também no filme a perfeita adaptação de um médico apenas à sua função utilitarista, intelectualmente superior, que no entanto descura os afectos e a proximidade com os doentes. Esta mentalidade é aquela que Patch Adams não defende, procurando para si e para quem o quiser seguir, uma perspectiva mais cuidadora e menos absolutista face à doença e ao sofrimento humano. Uma das frases mais inspiradoras e que mais me comoveram no filme foi proferida quando Patch se defendia perante o tribunal de médicos seniores: “Meus senhores, gostaria de vos dizer que se nós, como médicos, nos focarmos apenas na doença (e obsessão na sua erradicação), ganhamos e perdemos umas vezes. No entanto, se nos focarmos no cuidado da pessoa, garanto-vos que ganhamos sempre!”.
Um filme bonito e inspirador onde o drama e o bom humor estão presentes, fazendo desta uma das melhores histórias contadas no cinema.

domingo, 24 de julho de 2011

Hotel Ruanda (1994)



Por sugestão de um amigo, despendi 121 minutos a ver um filme de 1994 – Hotel Ruanda. Um filme que nos reporta para uma profunda crise social e politica no Ruanda, com devastadoras consequências.

Por herança da anterior gestão belga o país está dividido entre uma minoria, que já está há muito no poder - os Tutsis, e a restante maioria - os Hutus. É assassinado o presidente no governo e os Hutus tentam tomar o poder recorrendo à violência extrema e a extermínios em massa.

Os Tutsis (que eram apelidados de “baratas”), tornaram-se no alvo principal a abater, mas arrastam com eles, milhares de civis que se tornaram vitimas deste brutal genocídio.

Paul Rusesabagina (Don Cheadle) trabalha no hotel Ruanda e mal começa a guerrilha, o director do hotel, sai do país, e delega-lhe gestão do empreendimento. O hotel começa, cada vez mais, a servir de campo de refugiados. Paul, com meios muito reduzidos, tenta proteger centenas de pessoas, mas especialmente a sua mulher e filhos.

Face à falta de recursos, é fraca a figura do Ruanda no painel internacional, o apoio da ONU é mínimo. Todos os brancos são evacuados do país, ficando este completamente entregue aos negros. A corrupção, as “luvas” para todo e qualquer favor. O dinheiro perde o valor e os assaltos proliferam, a destruição é maciça e as mortes incontáveis.

Neste cenário, Paul tem de negociar com “amigos” e inimigos para conseguir salvar a sua família e as centenas que se encontram no hotel Ruanda. É este o argumento do filme! É verdadeiro e baseado em factos reais.

Um filme que vale muito por este cenário (quase real) representativo daquilo que foi um facto atroz em 1994, e a forma como um homem tenta gerir um enorme grupo de refugiados e estabelecer as pontes entre os vários envolvidos na guerrilha: forças de segurança, guerrilheiros, Nações Unidas, Cruz Vermelha, etc.

Destaca-se também o papel da sua mulher Tatiana (Sophie Okonedo), e da passagem muito despercebida do câmara-man Joaquin Phoenix.

Vale a pena ver.

sábado, 23 de julho de 2011

O Turista (2010)



Um filme para ver em família num domingo à tarde…. Sem grandes surpresas, com uma dose de suspense muito fraca, mas é um filme com alguma dose de entretenimento!

Num comboio, a caminho de Veneza, cruzam-se as vidas de um turista (Johnny Depp), que talvez seja mais que isso, e de uma agente secreta (Angelina Jolie). Uma simples troca de olhares, seguido de um jantar levam a que nasça uma paixão, que por ironia do destino, junta o polícia e o ladrão!

É daqueles filmes que se juntam ao grupo do tipo “James Bond”... tiros e mais tiros, nem um arranhão e o bom sempre se salva! Bandos de policias e ladrões que aparecem “do nada”, sempre que são precisos… o “imprevisível” aparenta sempre ser “planeado”.

Angelina Jolie, mantém-se fiel à imagem atraente, misteriosa e séria de outros seus filmes (“Mr. & Mrs & Smith”, “Wanted”, “Salt”, “Changeling”, etc) e Johnny Depp, continua incontornavelmente associado aos “Piratas das Caraíbas”, aqui, também a cambalear, mas sem a garrafa na mão e em cima dos telhados de Veneza.

Adorei os cenários do filme e a sua envolvente… os canais de Veneza, as grandes gôndolas, as imensas pontes, enfim… o nosso pequeno Aveiro em ponto gigante.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Biutiful (2010)



Barcelona é uma cidade linda, merecedora de ser visitada e revisitada, mas, como todas, tem a sua parte degradante, pobreza e miséria! É nestes meandros que este filme se desenrola. Um homem (Javier Bardam), com um cancro que lhe está a por fim à vida… sabe que não irá durar muito mais, mas não quer acreditar que isso pode ser verdade, e isso incita-o a preocupar-se com aqueles que o rodeiam e os quais ele mais ama – principalmente os seus 2 filhos.

Diz conseguir contactar com mortos que acabam de “partir” e vive num submundo onde trabalhando com comunidades chinesas e senegalesas convive com a contrafacção e a venda clandestina. Assiste, revoltado, à exploração da mão-de-obra, que roça a escravatura e procura ajuda-los, mas o destino trai-o, aumentando as suas angústias e acaba por matar uma comunidade desses chineses.

Detentor da custódia das crianças, em prol de uma mãe ausente, entregue ao álcool, drogas e uma vida boémia. As contingências dessa situação entregam-no mais ao desespero levam-no buscar alguma alegria nas suas crianças.



São estas as circunstâncias do drama que este homem atravessa e que mesmo com a saúde a degradar-se a “passos largos” e morte a querer bater-lhe à porta, tenta a todo o custo resistir a esta dura vida.É apenas uma breve descrição da envolvente do filme que vale pela genuinidade daquilo que são muitas das famílias, não só espanholas, mas de todo o mundo.

O início e o fim do filme são semelhantes… a morte a chamar o personagem principal.
O significado do título do filme – “Biutiful”, é uma cena que remonta para uma parte do filme onde a filha lhe pergunta se a palavra se esta palavra está bem escrita, e ele, na sua ignorância, lhe diz que sim! É esta imperfeição que é mostrada… a palavra é apenas um símbolo do enredo da película.

Também vi o filme “O Discurso do Rei”, e na minha opinião, acho que Javier Bardam esteve melhor na representação que Colin Firth. Ainda não vi o filme vencedor de Melhor Filme Estrangeiro (“In a Better World”), mas a estatueta não era mal entregue ao filme “Biutiful”.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº4 - Buffalo 66 (1998)


O amor vence todos os obstáculos. O amor torna o silêncio em palavra, transforma o frio em calor e abre caminhos onde só havia muros. Em Buffalo 66, Vicent Gallo cria e representa uma personagem que vai passar pela experiência de uma vida.
Billy Brown (Vicent Gallo) é um homem com noção de pragmatismo suficiente para perceber que a vida não lhe irá dar muito mais do que tem. Billy é um ex-condenado que acabou de sair da prisão. No dia da libertação, dá inicio a um plano em que está determinado a exercer vingança sobre o culpado da sua apreensão. Billy Brown vive obcecado com esta ideia e com uma outra: a de continuar a dar uma imagem aos seus próprios pais de que é um homem muito bem sucedido. Com a honra por vingar e uma imagem de bom filho a salvaguardar, há no entanto que satisfazer em primeiro lugar uma necessidade: ir à casa de banho. Nos primeiros minutos do filme, Billy vive torturado com este simples imperativo da natureza, o que transforma toda a cena do rapto de uma bailarina, em algo cómico e peculiar. O ex-condenado é neste momento um homem dominado por uma necessidade fisiológica e pela necessidade de arranjar uma “esposa de aluguer”. Esse alguém é Layla (Christina Ricci), talvez um pouco mais nova do que Billy e que este resgata de uma aula de dança para ser a sua mulher. Pelo menos durante a curta visita que ele deverá fazer aos seus pais em Buffalo, Billy quer dar a entender que é bem casado, que tem um emprego estável e que a sua vida é uma tremenda felicidade. Começa então a cena na casa dos pais.
Todos nós somos muito mais do que aparentamos, temos mais fragilidades do que aquelas que tentamos esconder quando nos relacionamos com os outros e somos muito mais especiais do que aquilo que tentamos, muitas vezes em vão, fazer passar. É um mundo de aparências carregado de um ar de complexo vazio emocional, que se respira na casa dos Brown. Juntamente com Layla, Billy vai despender tempo na casa dos seus pais, a tentar colar peças com cuspo e a procurar memórias antigas. Layla é o elemento novo que ambos os progenitores de Billy, Jimmy (Ben Gazzara) e Jan Brown (Anjelica Huston), adulam de forma quase imediata. Ao filho, cabe-lhe o papel secundário, o que parece ter tido sempre na história daquela casa.
E eis que Billy Brown é agora um homem ex-condenado, desejoso de se vingar e… com um grande dilema. Fragilizado com a cena familiar, Billy depara-se com Layla, que ainda lá está. A sua representação foi óptima junto dos seus pais. Mas agora cada um deles deverá seguir o seu caminho. Na estrada, na cidade e à noite eles são invadidos pelo frio. Layla é a doçura, Billy, a pedra fria. Ali perto, na rua, um cartaz publicitário faz uso de uma frase que diz mais ou menos isto: “Partilhe a sua vida. Partilhe a sua decisão”. Billy Brown contorce-se por dentro com dor. Ele debate-se com os seus demónios e sente-se deprimido. Layla vê o melhor daquele homem e está atraída pela sua sensibilidade, que lateja por debaixo de uma capa escura. O filme segue o seu curso e as próximas cenas são passadas num quarto de hotel, onde Billy e Layla se aproximam e se afastam, à procura de uma intimidade que tanto procuram.
Buffalo 66 é um filme onde não existe fogo de artifício e onde não existem perseguições de carros ou aviões. O grande acontecimento é silencioso, não surge de um PAH! Surge antes da subtileza, da doçura e da sensibilidade que se anunciam e que vão derrubando barreiras. Os soberbos Yes compõem a história e dão voz aos sentimentos. As músicas da banda inglesa escolhidas por Vicent Gallo (que também compõe assina boas músicas para o filme) são ‘Sweetness’ e ‘Heart of Sunrise’. Termino com um excerto de ‘Sweetness’, algo que Billy Brown poderia dizer na parte final da sua história: ‘Ela transmite a doçura – Ela sabe muito bem o que dizer para me fazer tão bem por dentro – e quando eu estou sozinho e sinto que já não tenho que me esconder.’

domingo, 22 de maio de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº01 - Crash - Colisão (2004)



Aquando iniciei esta rubrica de “Os Filmes da Minha Vida” referenciei que todos eles eram separados por ténues fronteiras, podendo todos eles oscilar na sua posição hierárquica.Reforço essa ideia agora que cheguei ao topo da tabela.

Para Nº1 do meu pódio nomeio um grande filme de 2004, realizado por Paul Haggis e no qual parece não haver actor principal. O elenco é de luxo: Desde a Sandra Bullock, a Don Cheadle, passando por Matt Dillon, Sean Cory Cooper , Jennifer Esposito, entre muitos outros, bem conhecidos da 7ª arte. Cada personagem, que cada actor interpreta, tem um papel tão importante no filme, que não podemos chamar os outros de secundários.

O tema do filme é o racismo e a forma como este é visto por determinados segmentos da sociedade. A forma como cada parte vê toda a sociedade e como esta actua perante as restantes “fatias” multiculturais.

O filme é uma caderneta de vários autocolantes que se relacionam todas entre si. É um filme, que para os mais emotivos, facilmente vem a lágrima ao canto do olho.

Será que dizemos realmente o que pensamos em relação às outras classes raciais? Agimos da mesma forma para cada uma? Para além das diferenças físicas, quais as principais diferenças entre elas?

A partir de que ponto somos racistas? Até que ponto confundimos racismo com sentido de perseguição, pensando que todas estão contra nós, por ser-mos de outra raça, cor ou nacionalidade? Em que circunstancias estamos realmente a ser racistas?

Até que ponto um abuso de autoridade de um policia branco, para com um casal afro, reflecte realmente o que ele pensa em relação àquela etnia? Consideramo-nos racistas! E se num momento de vida ou morte, optarmos rápida e instintivamente por fazer tudo (arriscando a nossa própria vida) por salvar outro de cor de pele diferente. Somos realmente racistas? Se somos, porquê agimos daquela maneira? Vale a pena continuar a pensar dessa forma?

No final dá para perceber, que brancos, africanos, sul-americanos, mulatos, chineses paquistaneses, etc, somos todos iguais e todos precisamos uns dos outros para viver. Maldizemos, condenamos e maltratamos uma “etnia”, quando no futuro a nossa vida depende de alguém dessa etnia.

Constatamos também, que nos momentos que mais precisamos, se veem quem são os nossos verdadeiros amigos e por vezes, o destino ajuda-nos a constatar que na etnia que desprezávamos e subjugávamos, está quem nos apoia quando mais precisamos.

Aprendemos que alguns de nós, quando temos 5 anos, somos contemplados com uma fada que nos dá uma "manta" de protecção invisível, que nos protege das balas da vida e que deveremos lega-la aos nossos descendentes quando estes também tiverem 5 anos.

Podemos ver também como um símbolo religioso é a ponte para a crença, mas que por vezes esses “símbolos” de mártires, face a situações de racismo, podem fazer de nós outros mártires e “levar-nos” com eles.

Tráfico de pessoas, assaltos a lojas, roubos de viaturas, jogos políticos, carreiras profissionais, etc, são tudo “panos de fundo” para toda esta panóplia de situações que giram à volta do racismo.

No filme, o destino quer que todos os actores sejam postos à prova. O filme faz-nos ver que todos dependemos uns dos outros e sem as outras classes sociais e etnográficas, não podemos viver. Até um mero agente de seguros e uma administrativa de saúde, intervenientes no filme, no final, vêm as suas vidas colidir (literalmente).

Concluo o comentário a este filme afirmando que que o racismo é burrice! E esta conclusão faz-me cantar uma música do Gabriel o Pensador “(…)O racismo é burrice mas o mais burro não é o racista é o que pensa que o racismo não existe. O pior cego é o que não quer ver. E o racismo está dentro de você, porque o racista na verdade é um tremendo “babaca”, que assimila os preconceitos porque tem cabeça fraca, e desde sempre não pára pra pensar, nos conceitos que a sociedade insiste em lhe ensinar. E de pai pra filho o racismo passa, em forma de piadas que teriam bem mais graça, se não fossem o retrato da nossa ignorância (…).

É apenas um pequeno trecho da música. Ouçam-na toda no youtube e prestem atenção à letra.é sobre ela que gira o filme (não apenas no Brasil, mas no mundo).

terça-feira, 17 de maio de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº02 - A Vida é Bela (1997)



No meu “top 3”, 2 filmes italianos. Depois de “Cinema paraíso”, o meu Nº2 chama-se “A Vida é Bela”. Gosto de cinema italiano. Gosto da sonoridade da língua italiana numa sala de cinema.

É um filme do ano de 1997, Realizado por Roberto Benigni , que também encena o papel principal de Guido, contracenando com Dora ( Nicoletta Braschi) e o pequeno Giosuè (Giorgio Cantarini).

Guido é um homem muito divertido… simples, vindo de uma aldeia, para uma cidade, à procura do seu tio, a quem pede um emprego para melhorar a sua vida. O argumento leva-nos para a década de 40, enquanto Itália atravessava uma fase política e económica muito complicada. Às portas da 2º Guerra Mundial as ameaças pairaram e Itália acaba por se envolver fortemente na grande guerra, com consequências desastrosas para as suas gentes

O filme gira à volta de uma história muito simples, mas esta simplicidade é inversamente proporcional à grandiosidade da compilação de momentos engraçados, dramáticos e cheios de fortes cargas emocionais.

A sua ida para a cidade leva Guido a cruzar-se com uma jovem italiana a que ele chama de principessa. Apaixona-se por essa mulher, que lhe caiu do céu (literalmente) e faz tudo para conquistar o seu coração, das formas mais bizarras e engraçadas.

As formas caricatas que utiliza para a conquistar, fazem-no passar por inspector de escolas, estender-lhe uma enorme passadeira vermelha numa noite de temporal, entrar de rompante na suposta festa de noivado de Dora, montado a cavalo, só para ir buscar a sua principessa …estas e muitas outras peripécias vão-se desenrolando e fazem com que a boa disposição nos “atinja” no filme, mas sempre com a humildade, o carinho e a ternura presentes na aureola de felicidade que envolta o casal.

Entretanto esta felicidade, vai-se dissipando, com aquilo que o futuro lhes reserva. Sofrendo muito por dentro mas nunca perdendo a sua cómica boa disposição, Guido é levado com a sua família para campos de concentração e acaba por ser separado de Dora, ficando com o seu filho de 5 anos – o pequeno Giosuè.

O objectivo de vida de Guido passa a ser reunir novamente a sua família e acima de tudo fazer com que o pequeno não perceba que estão num campo de concentração, a fazer trabalhos pesados, entranhados num mundo de miséria e sofrimento.

Inventa uma história… de que todos se têm de vestir da mesma forma (com os normais fatos de prisioneiros, mas estranhos para Giosuè) e todos os dias os adultos saem trabalhar para ganhar pontos, enquanto os meninos tem de ficar sempre escondidos, pois só assim também conseguem ganhar pontos.

Por isso não se vêm mais meninos no “jogo”, estavam todos escondidos para também ganharem mais pontos. A equipa pai /filho que conseguir atingir os 1000 pontos primeiro, recebe um prémio de sonho para Giosuè… um tanque de guerra (… no final do filme o destino “oferece-lhe” esse tanque, mas não de brincar… um tanque a sério!!). É este cenário que leva ao nome do filme.

Com o ambiente dramático, de dor e de sofrimento, próprios das circunstâncias de guerra, o adulto Guido, em grande e profunda tristeza, consegue transformar a dura verdade num simples jogo, conseguindo não tirar o sorriso dos lábios e ao final de cada dia, para não o ver sofrer, fazer ver ao menino de 5 anos, que “a vida é bela”.

Muitos diálogos e cenas do filme, “arrancam -nos” lágrimas e emoções muito fortes. O amor à família, especialmente a um filho, torna cada momento mais intenso.

Cenas, diálogos e situações do filme “transportam-nos” para um ambiente de guerra. “Transporta-nos” é uma palavra que eu uso muito nos meus comentários, mas é a ideal para descrever a facilidade com que esta película nos ajuda a viajar para a II Guerra e conseguir, entranhar bem as sensações que uma família vive e sente, cada um à sua maneira, numa envolvência de guerra.

O valor de pequenos momentos como ouvir uma música clássica em pleno campo de concentração, poder saborear um pedaço de pão duro e sem geleia, poder ouvir longinquamente a voz de quem se ama, etc, dão uma grande beleza ao filme.

No final Giosuè, consegue ganhar o tanque. Mas e o pai? E a mãe? Voltarão a brincar com ele… como costumo dizer, nem todos os filmes têm de ter um happy-end e quando não o têm, muitas vezes só contribuem para solidificar o realismo do argumento.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº5 - Guerra das Estrelas - Uma Nova Esperança (1977) O Império Contra-Ataca (1980) O Regresso do Jedi (1983)


Lembro-me de ver Guerra das Estrelas e de me perder no conjunto de astros, mundos e personagens exóticas que esta saga tem para oferecer. Penso que foi com 12, 13 anos que conheci Luke Skywalker e Darth Vader. Os dois partilham laços que por si só abalam planetas, corações e mentes. A ‘Força’ está connosco durante todos os 6 filmes da Guerra da Estrelas: Episódio I, II, III, realizados nos anos 2000 e episódios IV, V e VI realizados nos anos 70 e 80. Já agora, os filmes/episódios IV, V e VI são aqueles que me marcam mais a nível emocional e foram os primeiros a serem realizados. O episódio IV data de 1977. Neste texto poderia incluir toda a saga mas preferi realçar o impacto que os primeiros filmes a serem produzidos tiveram e ainda têm em mim.
A Guerra das Estrelas é um épico. Uma história em que o passado e o futuro se cruzam num momento especial do tempo e numa galáxia muito, muito distante. Luke Skywalker (interpretado por Mark Hammil) é um rapaz humilde e trabalhador que habita a pequena lua de Tatooine e a quem um dia a responsabilidade bate à porta de forma inesperada. Das estrelas, chega-lhe uma mensagem de apelo. Do outro lado, uma princesa chamada Leia (interpretada por Carrie Fisher), transmite um pedido de ajuda em nome de um grupo de pessoas oprimidas e subjugadas pelas forças do temível e manipulador Imperador Palpatine (interpretado por Ian McDiarmid). Este é o ponto de partida do episódio IV e que marca o inicio de um grande movimento rebelde contra as forças negras do Universo. A este grupo juntam-se os inesquecíveis Hans Solo (interpretado por Harrisson Ford), Chewbacca (ser astuto e peludo que é interpretado por Peter Mayhew), C-3PO (um robot elegante e multilingue interpretado por Anthony Daniels) e ainda R2-D2 (um robot simpático equipado com uma inteligência fora de série). Luke e a princesa Leia têm agora todos estes destemidos amigos para darem inicia a uma aventura épica que passará por locais longínquos, antros de mercenários, locais místicos e perigosos, bases imperiais, aldeias primitivas e por demais sítios que se possam imaginar.

A história de Guerra da Estrelas pode ser vista pelo lado político ou sob outros pontos de vista. O familiar, o da amizade, o da fé e o da espiritualidade. Um dos aspectos que esta série tem de mais especial é possuir dentro dela a beleza e a malvadez, o sonho e o pragmatismo, a acção e o romance, o mito e a realidade. Numa expressão, o mundo que conhecemos está também na Guerra das Estrelas. A carga simbólica que existe em Darth Vader (interpretado por David Prowse) trás até nós sentimentos mistos. As suas características de dureza e altivez são reforçadas por um misticismo próprio de um Jedi. Os Cavaleiros Jedi são uma espécie de sacerdotes que combinam capacidades espirituais com capacidades de luta. Dominam a ‘Força’, um dom que é exclusivo a esta ordem e que permite assumir ascendente perante situações e estados de mente. Eles existem no lado do bem (como Luke Skywalker virá a ser) e no lado do mal (como Darth Vader). Em certo sentido, os Jedi são os representantes das omnipresentes forças universais que nos guiam e nos esmagam ao mesmo tempo. Tal como na natureza, tal como na religião. Para cultivar uma forma de estar na vida elevada existem os mestres. Os anciães que pegam nas pontas do tempo e que transportam os valores antigos no futuro. Esses mestres são Obi-Wan Kenobi (interpretado por Alec Guinness) e Yoda (voz interpretada por Frank Oz).
A Guerra das Estrelas é uma aventura. Uma caminhada feita de suor, músculo e intelecto. Uma viagem pelas forças ocultas que nos orientam e nos condicionam. Uma história mitológica que nos entretém e nos fascina.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº03 - Cinema Paraiso (1988)



Um drama italiano de 1988, do realizador Giuseppe Tornatore que vale muito pela sua simplicidade. É um filme com uma carga emocional muito forte, onde a música e a banda sonora dão grande requinte à película.

É um filme sobre cinema. Uma criança - Toto (Salvatore Cascio), muito traquinas, que adorava cinema, cresce junto de Alfredo (Philippe Noiret), o dono do cinema de Giancaldo, (uma pequena cidade italiana perto da Cecília) e quer ajuda-lo para poder ver os filmes de graça e para aprender a trabalhar em cinema. Esta paixão pelo cinema vai crescendo e Salvatore (Toto já em adulto) acaba por fazer do cinema sua profissão, primeiro na pequena cidade e mais tarde, muito longe da Giancaldo, tornando-se num bem sucedido cineasta.

Certa noite, já em adulto, Salvatore recebe a mensagem de que a sua mãe tinha ligado a avisar que Alfredo, o seu “pai” na sua infância e juventude, tinha morrido. Aquele, que lhe tinha dito para partir em busca de uma vida melhor e nunca mais voltar a Giancaldo, tinha falecido.

O filme é, na sua maior parte uma recordação. Salvatore recorda em pensamentos, a sua infância, adolescência e juventude, os bons e maus momentos que passava com Alfredo, naquela pequena cidade.

Salvatore recorda-se das alegrias que passaram juntos. No fundo Alfredo tinha sido o pai que ele tinha perdido na guerra (do qual ele já mal se recordava). Lembra-se dos bons momentos que viveram juntos, os conselhos que Alfredo lhe tinha dado. A ternura de um amigo confidente e as travessuras que em miúdo e adolescente Toto tinha cometido.

Recorda os personagens peculiares que habitavam a cidade, desde o padre super conservador que pedia a Alfredo para ver os filmes e mandar cortar as partes que envolviam beijos e outras cenas mais íntimas, ao senhor que adormecia nos filmes, passando pelo senhor que já sabia a história de cor, o senhor que mal educadamente cuspia para cima dos outros espectadores e um dia recebeu a troca, o maluco que se auto intitulava como dono da praça, a professora e os seus métodos ortodoxos de ensinar, o dia em que Toto ajudou Alfredo a fazer o exame da primária, ganhando com isso o privilégio de poder ir ajudar o seu amigo Alfredo na sala de projecções, enfim um conjunto de personagens, todos eles muito simples, mas também muito caricatos e engraçados.

Um dia, Alfredo abre a janela e com um movimento de camara “transporta” a imagem do seu filme para a parede da praça, levando a alegria a quem lá estava, mas foi aí que o Cinema Paraíso, se incendeia. Com muito esforço, Toto consegue salvar Alfredo, mas que inevitavelmente fica cego. A forte amizade, ainda mais forte se tornou.

Já na adolescência, um dia Toto apaixona-se por uma bela ragazza, que não quer namorar com ele. Ele, seguindo uma história que Alfredo um dia lhe contara, diz-lhe que esperará 100 dias e 100 noites para que ela realmente o comece a amar. E assim foi, todas as noites quer fizesse frio ou calor, quer estivesse bom ou mau tempo ele ali estava, esperando que a janela se abrisse.

Quando ele regressa a Giancaldo, para o funeral de Alfredo, vê os sinais do tempo… recorda-se de todas estas histórias e personagens, revendo as pessoas já com 30 anos a mais, a cidade quase abandonada, o cinema paraíso prestes a ser destruído e a viúva de Alfredo, que lhe diz que tem uma “coisa”, para lhe dar que Alfredo lhe tinha deixado.

Era uma fita de cinema. Já numa das suas “profissionais” salas de projecção, pede que projectem essa fita, e esta é, nada mais, nada menos, que o somatório de todas as cenas censuradas que o padre tinha mandado cortar. Beijos, momentos sensuais, cenas mais ousadas, cenas destemidas, ensejos atrevidos, todos os momentos mais afoitos que na sua infância tinha sido privado de ver… e vêm as lágrimas a Salvatore.

domingo, 1 de maio de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº04 - 21 Gramas (2003)



"Quantas vidas vivemos? Quantas vezes morremos? Dizem que todos nós perdemos 21 gramas no momento exacto de nossa morte. Todos. Quanto cabe em 21 gramas? Quanto é perdido quando perdemos 21 gramas? Quanto se vai com eles? Quanto é ganho? 21 gramas. O peso de cinco moedas de cinco centavos, o peso de um beija-flor. Uma barra de chocolate. Quanto pesam 21 gramas?"

É uma frase que retirei do filme e que justifica o porquê do nome do seu nome. É um filme arrepiante. Um filme partido aos pedaços que vão sendo colados e vai sendo delineado um argumento fantástico. Uma história que gira à volta do Amor, da Família, da Alma, da Fé, da Vida e da Morte.

São 3 os personagens, cujas vidas são como uns “novelos” que são atirados ao mundo e se vão entrelaçando e cruzando das melhores e das piores formas possíveis. A cor de cada “novelo” é indefinida… cada momento que cada personagem atravessa no filme dá à sua linha de “novelo” de vida uma cor que, ora colorida, ora cinzenta, vai constituindo o excelente “tear” que o realizador Alejandro González Iñárritu realizou.

Paul (Sean Penn), um homem que tem os dias de vida “contados”, precisa urgentemente de um dador de coração, para poder continuar a viver, mesmo sem certezas da longevidade da sua vida. Vive com uma companheira, com a obsessão de ser mãe.

Christina (Naomi Watts), uma mulher que se depara com um dos piores cenários que a vida nos pode reservar: Perder o marido e as filhas num acidente brutal de automóvel. As filhas morrem imediatamente, e o marido não sobreviverá muitas mais horas. Uma mulher cuja felicidade era quase plena, com uma família perfeita, vê a vida deixar-se levar, e cair nos vícios da droga, álcool, etc, com a obcessão de vingar a morte dos seus queridos.

Jack (Benicio Del Toro), um ex-presidiário, rendido à sua fé em Deus, tenta passar uma esponja no seu passado e construir o seu futuro procurando a felicidade agarrado aos valores “família”, “religião” e “integridade”. Mas os “altos e baixos” da vida, conseguem fazer que, por vezes, um homem perca todas as suas forças para agarrar qualquer “valor”… inclusive a sua fé, que se transforma em dúvida.

Jack, no seu dia de aniversário, a caminho de sua casa, onde a família e amigos lhe prepararam uma festa, atropela acidentalmente 3 pessoas. Esse trágico acontecimento, retira o sentido de vida a Christina, mas dá “Vida”(literalmente) a Paul, oferecendo-lhe um coração.

Paul tenta saber quem foi o dador do seu coração, quem lhe devolveu a vida, e acaba por encontrar Christina. O novo coração de Paul continua a sentir o que o anterior “dono” sentia pela mesma pessoa….Amor.Será possível que um coração, continue a bater mais forte junto da mesma pessoa, que o seu anterior “proprietário” amava? Será que o amor pela mesma pessoa permanece num coração eternamente?

O filme não é sequencial… é um filme cujas suas cenas são flash´s ao passado, ao futuro e ao presente, que se vão colando e com o avançar do filme, ajudam-nos a perceber o enredo e a história. Quanto mais se aproxima do fim mais empolgante se torna, pois alguns desses flash´s, que parecem incongruentes, se vão tornando mais claros, com o que a cena seguinte nos brinda!

Naomi Watts ganhou o prémio de “Melhor Actriz” e Benito Del Toro de “Melhor Actor Secundário”, prémios muito bem entregues, pelos seus excelentes desempenhos.

Neste meu comentário, poderia ainda escrever sobre conceitos como a “Inseminação artificial”, o “aborto”, o “suicídio”, entre outros temas e ideias que vêm “à baila” no filme, mas o melhor mesmo é ver ou rever o filme.

sábado, 30 de abril de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº05 - Se7en – Sete Pecados Mortais



Morgan Freeman, no meu top de filmes já é a terceira vez que aparece! Representou nos filmes "Million Dollar Baby", "Os Condenados de Shawshan" e agora em "Seven". Dá para ver que o considero um dos melhores actores da actualidade. Com os seus quase 75 anos de idade, continua a representar. Adoro os filmes dele.

Desta vez, numa obra cinematográfica do realizador David Fincher e no papel de Detective Lt. William Somerset, contracena com Brad Pitt (Detective David Mills) e Kevin Spacey (John Doe).

Detective William é um detective a dias de se reformar, enquanto Detective David Mills é um policia recém admitido como detective, impetuoso e pensa que conhece todo o mundo do crime (mas está muito enganado). Ambos vêem-se envolvido na resolução de um caso de policia bizarro, de um serial killer – John Doe, que vai assassinando pessoas de forma estranha e atroz.

O número de assassinatos cometidos pelo Serial killer são 7, e ao fim do terceiro a perspicácia dos 2 detectives chega a uma importante conclusão: Cada assassínio está associado a um dos sete pecados capitas - Preguiça, Gula, Avareza, Luxúria, Ira, Inveja, Orgulho.

Não obrigatoriamente pela ordem que menciono, mas cada assassinato está associado a fantasias, devaneios e frustrações de um psicopata.

Detective William não tem família já Mills está bastante apaixonado e à espera de um filho. O desenrolar do filme leva a que os personagens, especialmente Mills, venham a constar na lista de particularidades que o assassino atribui a alguns dos sete pecados, fazendo partes deles.

Gostei do “clima” que se gerou durante todo o filme, o suspense, a surpresa e a forma de um Serial Killer actuar, aparentando uma enorme calma e pacatez, não é visto uma única vez a assassinar nenhuma das vitimas, mas os resultados dos seus actos são grotescos.

Como é habito, não revelo o final do filme. É surpreendente sem aqueles habituais cliché´s, antes pelo contrário, muita surpresa.

Não é “capital” mas considero que é um “pecado” não ver este filme!

domingo, 17 de abril de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº06 - Cidade dos Anjos (1998)



É um filme que já vi umas 3 vezes e não me canso de o rever. A história é divinal (literalmente). O filme gira em torno de anjos e seres humanos, carnais e a sua relação. Todas as virtudes que um anjo pode ter…os seus poderes de omnipresença, de imortalidade, de invisibilidade, contrapõem-se com a sua ausência sensações boas ou más que a vida pode oferecer. A estas restrições, abre-se a excepção aos fortes sentimentos de amor e paixão que Seth “Pratos” ;-) (Nicolas Cage), consegue sentir por Maggie Rice (Meg Ryan).

É um filme com um argumento emocional muito poderoso, em que as sensações de amor/paixão são postas à prova a uma médica, que muito céptica relativamente à religião, lida diariamente com a ténue fronteira entre a vida e a morte, salvando (ou não) vidas, dos seus pacientes.

Já Seth, passa a eternidade, acompanhando os humanos, ouvindo todos os seus pensamentos, lado a lado nos seus quotidianos, intervindo ou não em alguns momentos das suas vidas, mas isentos aos sentimentos. Tal situação fá-lo questionar o seu companheiro “De que servem as nossas “asas de cartolina”, se não conseguimos sentir o vento nas nossas caras?”

Vive na invisibilidade, aparecendo na vida real em circunstancias decisivas, sendo uma delas… os momentos finais de cada vida. O que a ciência chama de “delírios”, são no filme, os humanos já à beira da morte, a falarem com os “comissários” de boas vindas à vida depois da morte.

Num dos momentos de angústia da médica, por esta não ter conseguido salvar a vida de um dos seus pacientes, mesmo tendo feito tudo o que estava ao seu alcance, Seth, invisível ao seu lado, sente que ela “sentiu” a presença de uma força superior. Que conseguiu senti-lo a ele na sua forma incorpórea, olhando-o directamente para a alma.

É aberta uma porta: abdica-se da imortalidade, para se poder viver uma vida materializada, tendo consciência de que na vida também há dor e dissabores, mas também há a certeza de que se pode encontrar o amor. É essa porta que Sath decide abrir, indo ao encontro de Maggie, aquela que se torna a sua razão de viver.

É um filme excelente e não tem que ter obrigatoriamente um happy-end . No final o protagonista é questionado se vale a pena passar de eterno e imortal, para efémero e mortal ao que este responde “Prefiro ter sido beijado uma vez, ter sido abraçado uma vez e ter sido tocado uma vez, do que passar uma eternidade sem o experimentar”.

Como esta existem muitas outras frases com conteúdos “potentes” que enriquecem o argumento do filme, não se tornando aborrecido (na minha opinião) ver e rever o filme, pois cada vez que o revemos, descobrimos novas mensagens.

A banda sonora é fenomenal, com músicas espectaculares, das quais destaco “Angels” (Sarah Mclaughlin), “Live a Beatiful Life (Adam Nunes)”, “Uninveted” (Allanis Moriset), “Iris” (Goo Goo Dols) e “If God Send His Angels” (U2) – Entre muitas outras.

Sugiro que as ouçam no Youtube e sintam as emoções que elas transmitem e o conteúdo das suas mensagens. As suas letras relatam parte do filme e dão para perceber “ao que vamos” quando vamos ver o “City of Angels”.

domingo, 10 de abril de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº07 - Os Condenados de Shawshank (1994)



É um filme esplendoroso. Tinha-o visto à cerca de 5 anos e revi-o agora novamente para confirmar as minhas certezas de que se trata de um filme merecedor de um "oscar" no meu pódio de filmes.

O tempo passa… é um filme que remonta a 1994 (já lá vão 17 anos) e são visíveis os sinais do tempo nos grandes actores Morgan Freeman e Tim Robbins.

Tal como o meu 15º filme (Million Dollar Baby), este é um filme, cuja história é narrada por Morgan Freeman (Red), que é o grande amigo do personagem principal - Andy (Tim Robbins).

Andy é um banqueiro, muito bem profissionalmente, que se vê traído pela mulher com outro homem, e posteriormente, traído pela justiça, acabando, injustamente, por ser condenado a prisão perpétua.

Andy, entra na prisão como “new fish”, mas com o tempo acaba por se inserir no meio e vai-se apercebendo como funciona aquele mundo. É um filme que aborda o conceito de “institucionalização”, e que poderia servir de exemplo para aulas de psicologia e sociologia.

Um recluso preso à décadas, é uma pessoa que se adaptou a um meio, onde criou laços durante quase uma vida. Quando lhe é concedida liberdade, essa liberdade é encarada com um mix de alegria e tristeza. Alegria porque sempre foi o que desejou desde que para ali entrou, mas por outro lado, tristeza e medo (que podem ser fatais), consciente da sua fragilidade para um novo mundo (tão diferente daquele que deixou antes de entrar), e desprovidos de qualquer apoio familiar.

Essa forte “institucionalização” que está enraizada nos ex-reclusos, fá-los, no seu quotidiano, tomarem atitudes tão ridículas como pedir autorização para ir à casa de banho (como se a sua vida se continuasse a ser uma prisão).

Estas situações são visíveis nalguns reclusos, colegas de Andy, que vão abandonando a prisão, mas não é o caso do actor principal. Andy, sonha… e o seu atípico elevado nível de conhecimentos, levam o director do estabelecimento prisional a depositar nele grande confiança, e torna-o seu contabilista, forçando-o a falsear documentos e a fazer "lavagem de dinheiro", enriquecendo à custa do recluso… mas o destino, muitas vezes, acaba por trocar as voltas.

Andy observa, como funciona uma prisão. Apaixonado pela geologia, com um pequenino martelo vai construindo pequenas peças de xadrez e apercebe-se de quão afastados da realidade estão os reclusos, e como, por exemplo, uma música ou um livro podem tocar no coração de cada um.

Não desvendarei muito mais do filme. Apenas posso dizer que vale muito a pena ver. As emoções que são transmitidas pelas fortes amizades que são criadas dentro das prisões. A diferença entre o valor de uma cerveja dentro e fora da prisão. A falsidade constante da “Autoridade” que exerce o “Poder” (manipulando os condenados). A importância das coisas simples. Os reencontros. As amizades. São tudo factores que podem fazer ” mover montanhas”.

É um filme que me faz lembrar uma fábula que fala de elefantes...Estes quando são pequeninos e nascem nos circos, são amarrados a uma pequena árvore. Tentam soltar-se e com a sua pouca força até então, não conseguem libertar-se. A robustez de um elefante bebé, não lhe dá forças para arrebentar com a corda e se soltar. O animal desiste. O tempo passa. A estatura e força do elefante crescem abruptamente, mas o elefante adulto continua agarrado à ideia do passado e não experimenta tentar novamente partir a corda. Não tenta, pois não acredita nele próprio. Metaforicamente, podemos associar o Andy a um “elefante” nunca deixou de puxar a corda… e está sempre consciente da força que tem para conseguir a liberdade… se não desistir!

domingo, 3 de abril de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº08 - Gladiador (2000)



Adoro filmes que nos levam para o passado! Filmes cujo ambiente nos catapulta para épocas que estamos habituados a ler nos livros de história. Este filme, de Ridley Scott, é um deles… como seria o império Romano, por volta dos séculos II e III, como seria a cidade de Roma? Quais seriam os hábitos e costumes da época? Como se comportavam as pessoas? Como era possível que Homens pudessem ser tratados como (ou pior) que animais?

Máximus (Russel Crow), é um General romano ao serviço do imperador Marco Aurélio (Richard Harris) que demonstra enormes conhecimentos de estratégia e orientação. E liderando enormes regimentos, vai vencendo sucessivas batalhas e Campanhas contra os Bárbaros e conquistando fortemente a confiança do Imperador.

Quase no final da vida de Marco Aurélio,após mais uma vitória na Germânia, e em sinal de gratidão, o imperador pede para que o General diga qual o seu maior desejo, e este pede para voltar para casa, junto da mulher e do filho que tanto ama. Uma modesta casa no meio do campo.

Mas o que o imperador pretende dar ao guerreiro é a coroa de Imperador. Tornando-o num César. Cómodos (Joaquin Phoenix), o sucessor legítimo, filho do imperador, ao saber das intenções do pai, toma rapidamente as suas (drásticas) providências e apressa o processo de sucessão, tornando-se o novo imperador de Roma.

Ordena que Máximus lhe preste veneração e obediência. Este, apercebendo-se das intenções do anterior imperador e da forma súbita que ele morreu, vira-lhe costas e decide partir para a junto de quem ele realmente amava – a sua mulher e o seu filho.

Mas Cómodos troca-lhe as voltas ao destino, manda destruir o seu lar, e assassinar a sua família, das piores formas possíveis.

E como diz o trailler, “Um General, transforma-se em Escravo, que se transforma em Gladiador…”. Um Gladiador que ali está, para servir Roma, mas acima de tudo para se vingar.

Desde que Cómodo, chega ao poder Lucila (Connie Nielsen), sua irmã, não lhe reconhece qualquer autoridade (fá-lo apenas porque se vê obrigada e caso contrário seria punida), antes pelo contrário… despoleta-lhe sentimentos de ódio e pudor pela horrenda forma como o seu irmão pretende seguir as pegadas do pai.

Feito escravo e gladiador, a forma como Máximus lidou com cada situação, nas Arenas, no Coliseu e nos seus bastidores, sempre com o apoio de Lucila, conquista cada plateia em cada um dos seus combates e passa a ser amado e o ídolo dos romanos começando a ser mais venerado que o próprio imperador Cómodo.

Organizações, empresas, equipas, lideres, podem aprender muito com este filme. É uma autêntica lição em como a coragem, a força e a honra podem ser os pilares para se conseguirem atingir os objectivos que pretendemos.

Mostra-nos que é possível vencer obstáculos que achamos impossíveis, mesmo quando perdemos tudo o que temos e amamos. Havendo coragem para recomeçar, procurando uma razão e motivações para a vida, passo a passo, conseguimos chegar cada vez mais longe.

Apresenta-nos a maneira de gerir uma equipa e de que forma se consegue criar um forte espírito de união, onde cada companheiro da nossa equipa, parece ser do nosso sangue.

Toda a envolvência, os cenários, os hábitos e trajes romanos bem como a banda sonora do filme, prendem-nos àquela Era Romana e só mesmo no final é que voltamos à realidade e nos apercebemos que já lá vão quase 20 séculos.

'15 filmes da minha vida' - Nº6 - Antes do Amanhecer (1995) e Antes do Anoitecer (2004)

O amor é um pequeno fenómeno que por aí anda, à espera que nós o encontremos. O amor está perto ou está longe. O amor não é um X desenhado no mapa de um tesouro. Ele está em todo o lado e pode ser encontrado em todos os lugares. Às vezes surge quando menos se espera e outras vezes esconde-se para mais tarde voltar a fazer a sua aparição.
Nesta posição da lista de 15 filmes da minha vida resolvi juntar dois filmes. Ambos fazem parte duma história de amor e de descoberta, dum romance, dum conto vivido por duas pessoas em fases diferentes do tempo. Os filmes de que falo são ‘Antes do Amanhecer’ e ‘Antes do Anoitecer’.
No primeiro, dois jovens conhecem-se dentro de uma carruagem de comboio que viaja por uma linha de caminho de ferro europeia. Ele é um rapaz americano que está a descobrir a Europa. Ela é uma curiosa rapariga francesa que viaja de regresso a casa. Os momentos que se seguem são de brilho e de magia. Os dois jovens iniciam um percurso comum, ainda dentro do comboio, e que culmina em Viena, onde se enamoram definitivamente. Durante o entardecer e até ao amanhecer, Jesse (Ethan Hawke) e Celine (Julie Deply), percorrem ruas e locais de Viena. Afirmam-se e questionam-se, brincam e são sérios, provocam-se e seduzem-se. Os dois despem as suas almas e envolvem-se nas suas narrativas. Estão a apaixonar-se.
Antes do Amanhecer termina com a manifestação de uma esperança mútua em se encontrarem mais tarde. Mais uma vez, na estação de comboios onde Celine se despede de Jesse, ambos tremem pelo adeus que está tão perto. As emoções fortes vividas nas últimas horas palpitam nos corações dos dois. Eles querem voltar a ver-se. Combinam encontrar-se passados 6 meses, mesmo ali no local que agora pisam, desta vez em pleno Dezembro.

Em 2004 passa-se o outro filme, Antes do Anoitecer. Jesse está outra vez na Europa e Celine continua a viver em Paris. Passados 9 anos, os dois voltam a cruzar os seus caminhos. Jesse tornou-se escritor e apresenta um livro na cidade luz. Um livro em que fala de uma mulher, uma mulher talvez demasiado familiar a Celine. Os momentos que se seguem no filme são passados em tempo real, à semelhança de Antes do Amanhecer. Agora, homem e mulher, celebram o acaso do destino de se voltarem a ver. Não como tinham combinado, 6 meses, depois da primeira vez, mas 9 anos depois. Os dois falam de vidas, de sonhos, de paixões e de desilusões. Olham para o que tem acontecido nas suas vidas desde a última vez que se encontraram há 9 anos, em Viena. Discutem também sociedade e política. A vida trouxe a ambos novas experiências e novas perspectivas sobre o mundo à sua volta. Mas será que tudo mudou na vida dos dois? De que forma? Nas caras e nos discursos de cada um deles, há muito mais do que meras palavras. Para Jesse e Celine, o facto de estarem juntos outra vez é um acaso a que eles querem atribuir um sentido.
Estes dois filmes, realizados por Richard Linklater, descrevem o encantamento. A doce viagem de a pouco e pouco irmos gostando de outro ser ao ponto de só querermos estar ao seu lado. São filmes credíveis invadidos por sentimentos bons. Por mais que o tempo passe, a nossa essência perdura.

segunda-feira, 28 de março de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº7 - O Lado Selvagem (2007)


O Lado Selvagem é a tradução portuguesa para Into the Wild. Ambos colocam a ideia de selvagem (ou wild) em foco. Neste filme, o selvagem refere-se ao que é primitivo, ao despojo das posses materiais e à liberdade.
Baseado numa história real, O Lado Selvagem conta a história de Chris McCandless, um rapaz de 20 anos que toma a corajosa decisão de iniciar uma viagem solitária rumo ao Alaska. Depois de finalizar a universidade, Chris segue à letra a sua determinação em lutar por um elevado estado de espírito. Começa por despir-se dos seus bens materiais. Ele rejeita o carro oferecido pelos seus pais, rasga os seus cartões de crédito e oferece todo o dinheiro que tem para caridade. Desiludido com os valores de ambição e conformismo social representados pelos pais, Chris, interpretado por Emile Hirsch, procura a sua própria realidade e o seu próprio eu numa odisseia de auto-descoberta que também trará a si e sua família, momentos dramáticos.
Este é um filme de viagens. Um dos aspectos que mais me fascinou quando o vi, é a sensação de nos perdermos e de nos encontrarmos com a personagem principal. Ao adoptar como espectadores o ponto de vista de Chris, estamos também a redescobrir-nos e a colocar questões a nós mesmos. Viveremos nós perto da nossa natureza e da nossa humanidade? Estará o estilo de vida actual a afastar-nos do que realmente nos interessa? O respeito pela natureza, pela família, pelo amor, pelas pessoas é alcançado na sociedade actual? O Lado Selvagem tem passagens lindíssimas, tanto a nível filosófico, como literário. A nível de cenários e de banda sonora.
Chris é um jovem humanista, determinado, profundo e com bom-humor. As pessoas com que se cruza ao longo do filme testemunham-no. Chris consegue emprestar a essas pessoas a sua profundidade de alma, a sua capacidade de empatia e o seu espírito de aventurança. A pureza das suas intenções é percebida por pessoas de idades diferentes em fases da vida distintas. É o verdadeiro espírito da juventude que este jovem representa quando percorre os Estados Unidos, quando entra no México e quando finalmente chega ao Alaska.
É lindo o sonho que alumia a tocha que é o coração de Chris. No fundo, a procura da sua individualidade. Uma odisseia que sempre trará momentos únicos: onde a solidão dura é reveladora e onde a beleza humana é divina.
Lado Selvagem é relaizado por Sean Pean e conta, além do actor principal e entre outros, com Marcia Gay Harden, William Hurt e Jena Malone. A música de Eddie Vedder acompanha maravilhosamente o filme.

terça-feira, 8 de março de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº9 - O Resgate do Soldado Ryan (1998)




Uma morte é horrível… e tirando psicopatas ou outros doentes mentais ninguém é capaz de assassinar ninguém. Quando isso acontece é notícia de abertura de telejornais. Mas e se tivermos uma arma apontada para nós… situações em que ou morremos ou matamos, como reagimos? É assim guerra!

Gosto de alguns filmes de guerra, que nos “transportam” para cenários, que quando bem realizados (como é esta obra de Steven Spielberg) parecem reais, e espelham as derrotas, o pânico, a tristeza e ao mesmo tempo, as vitórias, os laços de amizade, união e entreajuda, entre todos os colegas de combate.

O Resgate do Soldado Ryan, remete-nos para a segunda guerra e conta-nos a história de uma equipa liderada pelo Capitão John Miller (Tom Hanks) que por ordens superiores, parte em busca de um soldado, para eles desconhecido, mas que tendo perdido 3 irmãos na guerra, querem que este volte vivo para junto da sua família.

Nunca estive em guerra (e espero nunca vir a estar), mas consigo imaginar o que é liderar equipas/batalhões de soldados, muitas vezes em desespero de causa, com a morte a pairar sobre eles. É preciso saber tomar decisões certas nos momentos certos, e, em ambientes de alta tensão, ter sangue frio para saber agir.

Momentos em que muita gente que diz não ter fé… sentindo a morte tão perto, rapidamente a encontra e pede ajuda a Deus, para conseguir sair vivo de certos momentos.

No fundo acho o filme formidável, com uma história simples… que consiste na procura incessante do irmão James Ryan (Matt Damon), até este ser encontrado, mas com um realismo brutal (como já referi), e pelo conteúdo de algumas cenas em particular, que fazer despoletar sentimentos muito fortes de angustia, dor , mágoa, sofrimento, valentia, e coragem como por exemplo o desembarque na Normandia, a perda de amigos/colegas em combate, a dor de uma mãe a saber que perdeu 3 filhos, a garra que um homem tem em continuar a combater depois de saber que perdeu 3 irmãos, a angústia de certas famílias em cenários de guerra, etc.

Uma parte no início do filme, aquando em som de fundo, são lidas em simultâneo inúmeras cartas que estão a ser enviadas para quem perdeu familiares na guerra, faz-me lembrar um filme de Clint Eastwood -“ As Cartas de Iwo Jima” (que não está no meu top, porque só lá cabem 15 – mas vou entregar-lhe uma menção honrosa), em que no final há uma cena parecida onde são lidas simultaneamente muitas cartas, que muitos soldados escreveram s aos seus familiares.

O filme é uma lembrança do soldado Ryan, junto do túmulo do capitão que com uma equipa de 8 elementos, o foi resgatar.

Filme brutal.

'15 filmes da minha vida' - Nº10 - Match Point (2005)



O filme começa com uma cena de um jogo de ténis, onde, normalmente, a bola é atirada de um lado para o outro do campo… numa dessas jogadas, a bola bate na rede e a imagem para… a bola tanto pode cair para um lado, como para o outro lado do campo!! Quem decidirá para que lado ela irá cair? Quem será o ganhador e o perdedor? Serão a sorte e o azar os decisores?

É um filme de Woddy Allen, onde o principal papel é atribuído a Jonathan Rhys Meyers, contracenando com Emily Mortimer e Scarlett Johansson (para mim das actrizes mais bonitas e sensuais da actualidade). Chris Wilton, um professor de ténis, irlandês, decide vir para Londres em busca de uma vida melhor… A ambição fá-lo perseguir a riqueza, e acaba por ver-se envolvido e integrado numa família rica, que lhe dá tudo o que a luxúria lhe pode oferecer… riqueza, estabilidade profissional e um futuro muito promissor e uma esposa - Chloe Hewett Wilton.

Entretanto a felicidade desse ex-professor de ténis não é completa. Sente-se emocionalmente insatisfeito, acaba por não conseguir resistir à beleza de Nola Rice, levando-o a uma vida dupla carregada de hipocrisia, de omissão e mentira. Não consegue abdicar de uma das duas coisas que considera fundamentais para a vida – A Riqueza ou Amor.

A amante era americana e pretendia ser actriz, representar… mas com o andamento do filme, quem tem todas as potencialidades para ser um bom actor é o ex-professor de ténis. Pela forma como consegue “representar” nos vários “palcos” que a vida lhe vai reservando: a sua casa, mulher, família e o quarto da sua amante.

Sempre temos de fazer escolhas na vida… escolhas que por vezes são difíceis, mas na maioria das vezes, procuramos ser sempre nós a trilhar o nosso caminho, e, certas ou erradas as nossas decisões são tomadas.
Perto do final do filme, Chris Wilton, toma a decisão sobre o que deve abdicar na vida: O amor, ou a riqueza. Esta decisão é tomada de uma forma surpreendente e pouco ortodoxa, mas própria de alguém cuja ambição não olha aos meios para atingir os fins.

Também já quase no final do filme, o actor principal atira um anel para o Tamisa… e tal como no início, são a sorte e o azar que escolhem para que lado do limbo o anel deve cair…se vai parar ao rio ou se continuará do lado do actor. E de que forma um simples anel pode traçar o destino de alguém.

É um filme que nos faz pensar se a sorte o azar existem mesmo! Quem os cria, quem escolhe qual deles prevalece…no fundo, se alguém decide o nosso futuro.

Um filme como eu gosto – com um final surpreendente, que ninguém estava à espera. Para além do excelente argumento do filme, acresce o facto de poder rever a linda cidade de Londres e ouvir o inglês na sua genuidade… o british accent!

domingo, 6 de março de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº11 - Gran Torino (2008)


Mais um filme com o Clint Eastwood, como actor principal, realizador e produtor.

Começo o meu comentário pelo final. O filme termina com uma música extraordinária, cuja letra nos vai falando dos valores da nossa existência, e como um bem simbólico - carro, nos pode trazer sentimentos passados, e presentes, e ser um marco da nossa vida.

Toda a música é um poema, carregado de emoção que retrata partes do filme.

“gentle now the tender breeze blows
whispers through my Gran Torino
whistling another tired song”

Gran Torino, é o nome de um carro… um carro antigo, da década de 70, que no filme poucas vezes aparece e nos faz questionar, porquê o filme tem este nome. No fundo o Gran Torino é um símbolo. Um símbolo de valores, recordações, que simboliza a transição de gerações ao qual o coração de Walt Kowalski ( Clint Eastwood), está bastante “amarrado” e representa uma “ancora” no seu tempo passado, presente e futuro.

Walt é um velho ex-combatente da guerra do Vietname, rude, sempre rezingão e com uma personalidade difícil, criada pelo difícil percurso de vida e que nada faz para ser simpático. Mora num bairro onde a sua vizinhança é multicultural, muito dominada por orientais chineses, com a qual este não se identifica.

Passando as suas tarde junto na sua varanda, junto ao jardim de sua casa, Walt assiste aos problemas de aculturação os orientais recebem ensinamentos ocidentais de como se deve ser e estar nesta sociedade. Mas esta sociedade está diferente e nem o velho americano, compreende a nova América. Os problemas culturais e geracionais são obstáculos para o ex-combatente.

É um filme que sublinha o significado da presença ou ausência da família, nos bons e maus momentos. Não só nos momentos festivos e de pesar, em que a tradição “manda” que se deve estar presente, mas também nas restantes ocasiões.

Mas com o desenrolar do filme, a ausência de amor daqueles que supostamente lhe deveriam ser mais próximos, afunda-o numa solidão cujas únicas companhias são o álcool, o tabaco e um cão. Entretanto, por detrás desse homem frio, há um homem com sentimentos, que instintivamente reage a injustiças e começa a ter uma nova atitude face à vida, quando é muito bem acolhido pelos seus vizinhos (com os quais nada simpatizava) e percebe o sentido de família e comunidade, “apegando-se” muito aos 2 vizinhos adolescentes.

Mais não conto desta história que é simples mas cheia de conteúdo.

Se não virem o filme, pelo menos ouçam a música final de Jamie Cullum, cantada pelo próprio Clint Eastwood… acho-a esplendorosa e emocionante. Cada estrofe do poema reflecte partes da vida quotidiana de Walt e espelha-nos o que a vida de cada um de nós pode significar, podendo cada um de nós, à sua maneira, ter o seu próprio “Gran Torino”.

sábado, 5 de março de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº8 - Duplo Amor (2008)


Como é que desejamos quem ainda não conhecemos bem? E em que medida reconhecemos quem desejamos? Todos nós somos muito mais no fundo do que aquilo que mostramos à superfície. Às vezes, e só às vezes, conseguimos ver uma brecha entre o muro que não raramente separa os nossos seres.
Duplo Amor é um filme de aproximações e distanciamentos. Leonard Kraditar (Joaquim Phoenix), é um homem na casa dos 30 que vive atormentado com os seus receios. Ele vive entre a angústia e a esperança. Até que alguém surge no prédio onde vive com os pais. Subitamente, Leonard sente a vitalidade a percorrer-lhe as artérias. Ele vive para a sua musa, que lhe deu novas alegrias e razões para respirar. O amor e a paixão curam tudo.
O enredo do filme é um triângulo composto por Leonard, pela filha de amigos dos pais, Sandra Cohen (Vinessa Shaw) e pela vizinha Michele Rausch (Gwyneth Paltrow). Entre distâncias que se encurtam e aumentam, estas três personagens revelam os seus desejos e contentamentos à medida que a história avança. As emoções e os sentimentos dos três são sempre sugeridos por pistas. Os sonhos que têm, as fragilidades que os acompanham, a boa vontade que possuem.
Em determinados momentos pensamos que agarrando-nos obsessivamente a alguém, tudo o que precisamos vem até nós. Mas a vida evolui ao nosso lado. Tudo o que se pode perder num dia é algo que se pode ganhar quando reconhecemos quem temos perto de nós.
Duplo Amor, do realizador James Gray, é um filme simples à primeira vista mas que se revela complexo à medida que mergulhamos no seu interior. Tal como nós próprios, criaturas seguras de tudo menos da nossa própria fragilidade.

'15 filmes da minha vida' - Nº12 - Sete Vidas (2008)




Duas palavras podem definir este filme: “ Peso de Consciência”! Às vezes na vida cometemos actos dos quais nos arrependemos piamente de os ter cometidos, consciente ou inconscientemente, com plena convicção ou por mera distracção, acontecem certas passagens nas nossas vidas, que as podem mudar completamente! E quando as nossas distracções provocam alterações nas vidas dos outros? Qual o nosso sentimento? Indiferença ou sensação de culpa?

Em sete dias Deus Criou o mundo… em sete minutos eu destruí o meu…” é uma das frases inicias que Tim Thomas (Will Smith) diz logo no início do filme e que dá para imaginar o que aí pode vir! Não quero levantar muito o véu, pois o filme é uma cadeia de acontecimentos que se interligam e vão revelando o significado do nº7.

É a prova de que a vida pode deixar de ter sentido, (mesmo quando nela a felicidade é plena), quando alguém deixa de fazer parte dela. Toda a riqueza não consegue ajudar a comprar ou ressuscitar o amor.

E quando pensamos que a nossa felicidade está comprometida para o resto da vida, qual a é nossa atitude quando alguém ou alguma coisa a faz girar 180º, e nos presenteia com um futuro promissor?

As respostas a estas e muitas outras perguntas são reveladas durante esta excelente “película” cinematográfica. Não é daqueles filmes que comercialmente tenha tido muito impacto, mas para mim, sem sombra de dúvidas, faz parte dos “Filmes da Minha Vida”.

Se não viram, vejam e opinem!

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº9 - A Guerra do Fogo (1981)


Seria possível retratar a evolução da espécie humana através de filmes? Se sim, como saberíamos que a história e a imagem corresponderiam ao que realmente se passou? Como credibilizar um filme deste género? A resposta positiva está em “La Guerre du Feu”, um filme franco-canadiano do realizador de cinema de época Jean-Jacques Annaud (O Nome da Rosa).
Imaginem como seria a vida dos seres humanos há cerca de 80.000 mil anos. Que aspecto teriam estas pessoas? O que comeriam? Como comunicavam? As teorias comprovadas e por comprovar são-nos dadas pela mão de cientistas, antropólogos, arqueólogos, historiadores e outros. Também este filme nos abre uma janela no tempo e permite-nos que olhemos para uma teoria. Na minha opinião, credível e bem fundamentada. O planeta Terra era habitado por hominídeos sem roupa mas cobertos de pelo, sem abecedário mas com sons para comunicar. O Homem retratado neste filme é o homo sapiens, versão humana que também nos inclui, homens e mulheres do nosso tempo. Somos bem diferentes do que estes nosso antepassados, é certo. Fisicamente, emocionalmente, racionalmente e culturalmente. No entanto, já este Homem, há 80.000, estava capacitado com a possibilidade de aprender factos complexos. Tinha a possibilidade de transformar troncos de madeira em armas letais, pedras em objectos úteis e, a maior novidade da época: a capacidade de produzir e manejar o fogo. A chama que nos aquece e nos alimenta, e que hoje em dia damos como adquirida, era nesta altura, um desejo de sobrevivência e um motivo de competição. “Uma Questão de Fogo” é o título inglês traduzido à letra e na minha opinião expressa bem o que estava em causa nesta época distante. As tribos de homens que o possuíam e conseguiam controlar eram os que tinham mais hipóteses perante a natureza. Neste sentido poder-se-ia dizer: uma questão de fogo, uma questão de vida ou morte.
Este filme está soberbamente bem produzido (recebeu um Óscar pelo design de fatos) e conta com o fantástico desempenho, entre outros, de Everett McGill, Nameer El-Kadi e Ron Perlman (O Nome da Rosa). De alto valor histórico, esta aventura oferece-nos a oportunidade de olharmos para o homem primitivo bem de perto. Somos levados a assistir aos seus comportamentos sociais, aos seus hábitos sexuais, às suas guerras, à caça. Os homens retratados neste filme sonham com o fogo. Eles vão iniciar uma aventura que os vais transformar. A experiência do contacto e da aprendizagem é o elo que liga toda a humanidade e que ajuda a sentirmo-nos um pouco menos sós neste planeta que viaja pelo sistema solar há demasiado tempo para que a nossa razão possa compreender. Gosto de acreditar que o que se passa neste filme poderá ter sido exactamente assim. Porque o que está lá é humano, mesmo que há 80.000 anos.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº10 - Beleza Americana (1999)


O trailer sugere-nos que olhemos mais de perto: “Look Closer”. Olhemos e não vejamos apenas. A vida de famílias de classe média americana é exposta no filme Beleza Americana e como se poderá depreender, o título é irónico. As pessoas nesta cidade vivem de forma fria. Vejamos as duas famílias do filme. Mas olhemos mais de perto. Na casa do lado direito vive um ex-coronel das forças armadas americanas de coração duro e de punho rápido. Sob sua alçada há um filho prometido que não cumpre aquilo que se esperava dele… Há ainda uma esposa e mãe, uma velha rainha triste. Na casa do lado esquerdo vive uma mulher de armas. Ela é exigente e bélica. Está ansiosa por chegar em primeiro lugar e não olha a meios para o conseguir. Atrás de si um homem dormente. Entre ambos uma menina desiludida mas com todos os sonhos do mundo.
O filme Beleza Americana podia passar-se noutros lugares do mundo. Muito provavelmente, numa outra urbe anónima ou distante. Não existe humanidade quando respiramos mas não somos capazes de sentir, quando andamos mas não conseguimos rir. Os homens e mulheres são como fortalezas invisíveis que resistem ao calor humano e à empatia, à intimidade e à solidariedade. Há no entanto os que não conseguem viver assim. Existe um longo e difícil caminho entre a superfície e o interior. Entre as aparências e a autenticidade. E por isso muita coisa se vai desconstruir nesta história.
Beleza Americana conta com Kevin Spacey no principal papel. Ele faz de Lester Burnham, o tal homem dormente que um dia resolve começar a arriscar… Lester é também o narrador e grande parte da história é contada sob a sua perspectiva. A propósito, Alan Ball é o argumentista, o senhor que escreveu também uma das séries de que mais aprecio, Sete Palmos de Terra. A banda sonora é um dos pontos altos do filme. Thomas Newman ajuda, e de que maneira, a que as emoções e sentimentos da narrativa sejam transmitidos ainda com mais veracidade.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº13 - O Nome da Rosa (1986)



Baseado num romance de Umberto Eco, “O Nome da Rosa” leva-nos para a idade média. A cena do filme passa-se no século XIV, num convento nos Alpes italianos, e retrata-nos a forma de agir da igreja católica daqueles tempos.

Não há dúvidas que a religião tem, e é uma grande força na sociedade. É, sempre foi e penso que continuará a ser. Mas, como qualquer outra organização, sendo “gerida” pelo Homem, é natural haver erro… a "Santa Inquisição" é um claro exemplo disso.

O conhecimento era um privilégio de apenas alguns, e nem tudo poderia ser lido. Tudo aquilo que pusesse em causa a igreja, ou tivesse alguma linguagem menos leviana, era condenado ou destruído.

A esse convento, onde o hábito e o ritual eram para ser cumpridos e quem não obedecesse era severamente punido, chega o frade franciscano William de Baskerville (Sean Connery). Um frade diferente, mais progressista e “open mind” que começa a pôr em causa certos procedimentos internos do convento e a descobrir o que a tradição não queria mostrar.

Num clima de grande tensão, começam a suceder-se assassinatos e contrariando as regras do convento, o novo frade, juntamente com o seu assistente novato (Adson), envolvem-se no desvendar desses e outros mistérios, descobrindo alguns segredos que põe em perigo algumas pessoas dentro do mosteiro.

O poderio de uma classe social como o Clero, liderado pela “Santa Inquisição”, é no filme, preponderante na tomada de decisões. A fé pretende tapar os olhos da razão e não contrariar a tradição. Desta forma, pobres dementes, como o pobre “Salvatore” (Ron Perlman), acabam por ser injustamente acusados servindo de “bodes expiatórios” para encobrir as verdades inconvenientes.

Com o desenrolar da história, percebemos a forma ortodoxa com que os frades mais ávidos de conhecimento eram proibidos de ler alguns livros e misteriosamente morriam!!

Uma parte do filme, fez-me lembrar a Biblioteca de Alexandria, cujo conhecimento foi todo entregue às chamas… o que seria se todo o conhecimento que a Santa Inquisição destruiu (queimando os livros e os seus autores), ainda existisse? Certamente o mundo estaria mais desenvolvido e avançado.

É também demonstrada como a vocação para ser frade poderia ser posta em causa quando algumas das “tentações” como o amor carnal fossem descobertas, e afinal o caminho daqueles que estavam predestinados a ser frades, podia ser outro.

Um excelente filme!

domingo, 13 de fevereiro de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº14 - Quem Quer ser Bilionário (2008)



O meu "Óscar" de nº14, vai para o filme “Quem quer ser Bilionário” (Slumdog Millionare) de 2008 do realizador Danny Boyle.

Um filme carregado de emoções, em que a vida foi a “professora” de um concorrente num programa televisivo de cultura geral. Essa sua cultura geral era mediana, e tal como o filme nos pergunta no início: “Jamal Malik (Dev Patel), está prestes a ganhar um concurso de televisão, como irá conseguir? A resposta a esta questão é a hipótese “C – É o Destino”.

Uma amizade muito forte entre duas crianças, começa a transformar-se numa relação de amor, mas as injustas circunstâncias da vida nos subúrbios da Índia, acabam por separa-los e levam Jamal a uma demanda incansável por Latika (Freida Pinto).

Cada pergunta colocada pelo apresentador do programa, “transporta” o concorrente para um momento da sua vida! E as suas vivências, ricas em bons e maus momentos, ultrapassam a “ajuda do público”, a “ajuda telefónica”, os “50/50” remetendo para o seu destino essas respostas.

Toda a Índia parou para ver um desconhecido ajudante de contact-center, que atipicamente está prestes a ganhar 20 milhões de Rupias...O suspense, a envolvência e a alegria de toda a Índia que não “descola” da televisão, torcendo pelo humilde concorrente, não eram os mesmos sentimentos desse concorrente, que apenas desejava que Latika visse o programa e soubesse onde o encontrar. O seu desejo não era dinheiro, era amor.

É um filme que nos oferece “retratos” da Índia, dos seus subúrbio, da pobreza, da prostituição, dos tráficos de drogas e crianças… O irmão de Jamal (que também tem um papel muito importante no filme), envereda por outros caminhos que terminam em becos sem saída e que infelizmente representam uma grande “fatia” do país mais populoso do mundo.

Realço a excelente banda sonora! As músicas, transportam-nos para um ambiente algo árabe e oriental, e contribuem para o realismo de uma viagem ao mundo indiano carregado de slumdog´s (cães de favela/bairros de lata), que contrastam com alguns sinais de riqueza do turismo ocidental.

'15 filmes da minha vida' - Nº11 - Gladiador (2000)


“Strenght and hounour”. Força e honra como bandeiras de um homem, de uma legião romana, de um grupo de escravos gladiadores. Gladiador é um filme de época que retrata o império romano por volta do ano 180. A fase da História situa-se nas conquistas do norte da Europa, no reinado de Marco Aurélio e na sucessão polémica de Cómodo, filho do primeiro. Com Marco Aurélio, Roma vivia um período de prosperidade, com Cómodo deu-se inicio a uma fase de declínio civilizacional. Em Gladiador podemos assistir a todo o espectáculo do espírito do império, nomeadamente na magnificência das conquistas expansionistas, na vida social e política e por fim na construção de edifícios grandiosos como o coliseu. É neste magnifico anfiteatro que se passam as decisivas cenas deste filme. Assistimos às lutas de escravos gladiadores, à luta destes com animais exóticos por estas paragens como o tigre e finalmente à maior disputa de todas: entre um homem proveniente da Hispânia, um honroso e forte ex-general do exército romano e Cómodo, um imperador paranóico, vingativo e inseguro.
A história inspira aos grandes valores de vida, à ética, à lealdade e à perseverança. Maximus, representado pelo fabuloso Russel Crowe, é um líder autêntico, tanto na frente de uma batalha com os bárbaros, como liderando um grupo de escravos-gladiadores com poucas perspectivas em relação à vida. Maximus é a tal força e honra, o homem que um dia havia sido o braço direito de Marco Aurélio, pai de Cómodo (Joaquim Phoenix). É esta relação estreita e a perspectiva de poder que motiva o ressentido filho de Marco Aurélio a iniciar uma jornada de vingança e de usurpação pelo que o pai havia construído pelo império.
Gosto muito deste filme que nos cola ao ecrã pela sua intensidade na narração. Um bom exemplo é a tensão vivida entre Cómodo e Lucilla (representada pela bonita Connie Nielsen), a irmã do imperador. Gosto ainda do filme pelas magníficas imagens de Roma clássica conseguidas pelos fantásticos efeitos especiais. Gladiador, do realizador Ridley Scott, é um épico que nos permite visitar o espírito da humanidade neste momento da história, na sua dignidade mas também na sua opulência.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº12 - O Nome da Rosa (1986)


Todos os filmes de qualidade têm uma trama que por si só revela a densidade e o interesse que uma história pode ter para o espectador. Adicionalmente, este tipo de filmes trás consigo o retracto de uma época, ou seja, dizem-nos como as pessoas pensam e como se comportam em determinada época da história.
O Nome da Rosa, um filme de Jean-Jacques Annaud, com Sean Connery, F. Murray Abraham e Christian Slater (salvo erro, no seu primeiro papel de cinema), é um filme desses, hipnotizante na trama e rigoroso no retracto histórico.
O enredo passa-se num mosteiro da Europa algures no século XIV. Este mosteiro é habitado por monges que reclamam para si toda a higiene moral do mundo, sendo no entanto traídos por muitas das suas acções. As personagens são quase todas estranhas. O aspecto físico é quase sempre deplorável. William of Barkersville (Sean Connery) chega acompanhado ao mosteiro pelo seu protegido (Christian Slatter) e depara-se com um clima obscuro e de desconfiança. Vários crimes ocorrem e William prontifica-se a ajudar a resolver este mistério que interfere na vida no mosteiro. Os modos e mentalidade de William contrastam com a moral e pensamento dos monges residentes. Ele é um humanista e um racionalista tocado pelas forças do amor. Por outro lado os outros monges olham o prazer e a alegria como sendo tentações pecaminosas. É esta perspectiva dualista que influencia todos os acontecimentos que decorrem neste mosteiro escuro, frio e sinistro. A santa inquisição faz também a sua aparição neste filme. Ela é o juiz implacável que varre da superfície da terra todos aqueles que colocam em questão a sua verdade. A verdade de Deus? Que Deus é esse?
Este filme faz a separação entre a verdade de certos homens e a verdade do mundo, da natureza e, porque não dizê-lo de Deus. Talvez Deus seja só um mas ele pode, de certeza, ser aquilo que o Homem queira que ele seja. Para o bem e para o mal, como se vê nesta história.
Gostei imenso do realismo intencional do filme, como atrás referi. Ele é uma fantástica referência à inquisição, à idade média, ao pensamento religioso, à inteligência e ao espírito humanista.