quarta-feira, 31 de agosto de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº3 - Patch Adams (1998)


Para explicar o porquê de gostar tanto deste filme é necessário dizer que este é muito mais que isso, é uma história verdadeira e que inspira. A lista que estou a construir com 15 dos filmes que mais emocionalmente me marcaram não poderia deixar de contar com uma história que carrega um dos sentimentos que mais gosto de cultivar: o optimismo. Deverei ter visto Patch Adams pela primeira vez há quase 10 anos. Nessa altura fui atingido pela enorme boa vontade, criatividade e boa disposição que o actor Robin Williams emprestou à personagem deste médico que na verdade, existe mesmo. Hunter ‘Patch’ Adams foi um jovem, a quem a vida o empurrou a fazer escolhas de uma vida. Ele fundou um hospital aberto 24 horas por dia e que oferece serviços grátis: o Instituto Gesundheit. Adams é da opinião que o objetivo máximo de um médico não é apenas curar mas, acima de tudo, cuidar.
A história no filme passa-se dentro de um hospital universitário onde Patch Adams tira o curso para se tornar médico. Entre aulas, estudo e a vida entre os seus colegas, cedo se começam a notar as visões e atitudes fora do comum em relação à abordagem que os médicos devem ter perante aqueles que necessitam de cuidado. Durante a prática universitária que inclui a visita regular aos quartos, enfermarias e salas de operações, Adams observa uma relação demasiado distante e desigual entre os tradicionais médicos(as) e enfermeiros(as). Apesar de estas últimas tomarem o seu partido à medida que o tempo passa. Perante isto, o espírito fresco, jovem e optimista de Patch Adams resolve intervir mais de perto e defender os pacientes, aproximando-se deles com o seu sorriso, o seu positivismo e a sua atenção. Mas, considerando formas estar e atitudes tão enraizadas na prática hospitalar, é compreensível que haja quem não partilhe destas inovadoras visões da prática da relação entre o médico e os doentes. Dean Walcott (representado por Bob Gunton), é quem representa esta facção que reprova veemente as práticas de Adams. Este médico reitor faz tudo por sabotar as intenções de Patch Adams. Este responde-lhe com mais e mais humor, amizade e igualdade perante os doentes. Entre as cenas divertidas do filme, há uma que representa bem o ambiente provocatório existente entre os dois. Aquando da organização de uma conferência de ginecologia que deveria ser organizada pelo hospital e também por Patch Adams, o estudante invulgar resolve dar as boas vindas aos médicos ginecologistas de uma forma engraçada e peculiar. À entrada do local reservado para a conferência, Patch instala umas pernas femininas gigantes nas quais a vagina é a porta de entrada do hospital. Escusado seria dizer que Dean Walcott, o reitor, fica fora de si perante isto e que este episódio é a gota de água usada para que Dr. Dean leve em frente a sua intenção de não permitir que Patch se torne médico.
As ideias loucas e os sonhos apaixonados de Patch Adams são partilhados com os seus colegas mais próximos do hospital universitário, Truman (Daniel London), Cari (Monica Potter) e até com o aluno exemplar Mitch (Philip Seymour Hoffman). Mitch representa também no filme a perfeita adaptação de um médico apenas à sua função utilitarista, intelectualmente superior, que no entanto descura os afectos e a proximidade com os doentes. Esta mentalidade é aquela que Patch Adams não defende, procurando para si e para quem o quiser seguir, uma perspectiva mais cuidadora e menos absolutista face à doença e ao sofrimento humano. Uma das frases mais inspiradoras e que mais me comoveram no filme foi proferida quando Patch se defendia perante o tribunal de médicos seniores: “Meus senhores, gostaria de vos dizer que se nós, como médicos, nos focarmos apenas na doença (e obsessão na sua erradicação), ganhamos e perdemos umas vezes. No entanto, se nos focarmos no cuidado da pessoa, garanto-vos que ganhamos sempre!”.
Um filme bonito e inspirador onde o drama e o bom humor estão presentes, fazendo desta uma das melhores histórias contadas no cinema.