domingo, 22 de maio de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº01 - Crash - Colisão (2004)



Aquando iniciei esta rubrica de “Os Filmes da Minha Vida” referenciei que todos eles eram separados por ténues fronteiras, podendo todos eles oscilar na sua posição hierárquica.Reforço essa ideia agora que cheguei ao topo da tabela.

Para Nº1 do meu pódio nomeio um grande filme de 2004, realizado por Paul Haggis e no qual parece não haver actor principal. O elenco é de luxo: Desde a Sandra Bullock, a Don Cheadle, passando por Matt Dillon, Sean Cory Cooper , Jennifer Esposito, entre muitos outros, bem conhecidos da 7ª arte. Cada personagem, que cada actor interpreta, tem um papel tão importante no filme, que não podemos chamar os outros de secundários.

O tema do filme é o racismo e a forma como este é visto por determinados segmentos da sociedade. A forma como cada parte vê toda a sociedade e como esta actua perante as restantes “fatias” multiculturais.

O filme é uma caderneta de vários autocolantes que se relacionam todas entre si. É um filme, que para os mais emotivos, facilmente vem a lágrima ao canto do olho.

Será que dizemos realmente o que pensamos em relação às outras classes raciais? Agimos da mesma forma para cada uma? Para além das diferenças físicas, quais as principais diferenças entre elas?

A partir de que ponto somos racistas? Até que ponto confundimos racismo com sentido de perseguição, pensando que todas estão contra nós, por ser-mos de outra raça, cor ou nacionalidade? Em que circunstancias estamos realmente a ser racistas?

Até que ponto um abuso de autoridade de um policia branco, para com um casal afro, reflecte realmente o que ele pensa em relação àquela etnia? Consideramo-nos racistas! E se num momento de vida ou morte, optarmos rápida e instintivamente por fazer tudo (arriscando a nossa própria vida) por salvar outro de cor de pele diferente. Somos realmente racistas? Se somos, porquê agimos daquela maneira? Vale a pena continuar a pensar dessa forma?

No final dá para perceber, que brancos, africanos, sul-americanos, mulatos, chineses paquistaneses, etc, somos todos iguais e todos precisamos uns dos outros para viver. Maldizemos, condenamos e maltratamos uma “etnia”, quando no futuro a nossa vida depende de alguém dessa etnia.

Constatamos também, que nos momentos que mais precisamos, se veem quem são os nossos verdadeiros amigos e por vezes, o destino ajuda-nos a constatar que na etnia que desprezávamos e subjugávamos, está quem nos apoia quando mais precisamos.

Aprendemos que alguns de nós, quando temos 5 anos, somos contemplados com uma fada que nos dá uma "manta" de protecção invisível, que nos protege das balas da vida e que deveremos lega-la aos nossos descendentes quando estes também tiverem 5 anos.

Podemos ver também como um símbolo religioso é a ponte para a crença, mas que por vezes esses “símbolos” de mártires, face a situações de racismo, podem fazer de nós outros mártires e “levar-nos” com eles.

Tráfico de pessoas, assaltos a lojas, roubos de viaturas, jogos políticos, carreiras profissionais, etc, são tudo “panos de fundo” para toda esta panóplia de situações que giram à volta do racismo.

No filme, o destino quer que todos os actores sejam postos à prova. O filme faz-nos ver que todos dependemos uns dos outros e sem as outras classes sociais e etnográficas, não podemos viver. Até um mero agente de seguros e uma administrativa de saúde, intervenientes no filme, no final, vêm as suas vidas colidir (literalmente).

Concluo o comentário a este filme afirmando que que o racismo é burrice! E esta conclusão faz-me cantar uma música do Gabriel o Pensador “(…)O racismo é burrice mas o mais burro não é o racista é o que pensa que o racismo não existe. O pior cego é o que não quer ver. E o racismo está dentro de você, porque o racista na verdade é um tremendo “babaca”, que assimila os preconceitos porque tem cabeça fraca, e desde sempre não pára pra pensar, nos conceitos que a sociedade insiste em lhe ensinar. E de pai pra filho o racismo passa, em forma de piadas que teriam bem mais graça, se não fossem o retrato da nossa ignorância (…).

É apenas um pequeno trecho da música. Ouçam-na toda no youtube e prestem atenção à letra.é sobre ela que gira o filme (não apenas no Brasil, mas no mundo).

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