sábado, 5 de março de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº8 - Duplo Amor (2008)


Como é que desejamos quem ainda não conhecemos bem? E em que medida reconhecemos quem desejamos? Todos nós somos muito mais no fundo do que aquilo que mostramos à superfície. Às vezes, e só às vezes, conseguimos ver uma brecha entre o muro que não raramente separa os nossos seres.
Duplo Amor é um filme de aproximações e distanciamentos. Leonard Kraditar (Joaquim Phoenix), é um homem na casa dos 30 que vive atormentado com os seus receios. Ele vive entre a angústia e a esperança. Até que alguém surge no prédio onde vive com os pais. Subitamente, Leonard sente a vitalidade a percorrer-lhe as artérias. Ele vive para a sua musa, que lhe deu novas alegrias e razões para respirar. O amor e a paixão curam tudo.
O enredo do filme é um triângulo composto por Leonard, pela filha de amigos dos pais, Sandra Cohen (Vinessa Shaw) e pela vizinha Michele Rausch (Gwyneth Paltrow). Entre distâncias que se encurtam e aumentam, estas três personagens revelam os seus desejos e contentamentos à medida que a história avança. As emoções e os sentimentos dos três são sempre sugeridos por pistas. Os sonhos que têm, as fragilidades que os acompanham, a boa vontade que possuem.
Em determinados momentos pensamos que agarrando-nos obsessivamente a alguém, tudo o que precisamos vem até nós. Mas a vida evolui ao nosso lado. Tudo o que se pode perder num dia é algo que se pode ganhar quando reconhecemos quem temos perto de nós.
Duplo Amor, do realizador James Gray, é um filme simples à primeira vista mas que se revela complexo à medida que mergulhamos no seu interior. Tal como nós próprios, criaturas seguras de tudo menos da nossa própria fragilidade.

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