domingo, 21 de novembro de 2010

Crazy Heart (2009)



Estava curioso para ver este filme.

O actor ganhou neste filme o Óscar 2010 de Melhor Actor Principal, confesso que ficou um pouco aquém das minhas expectativas. É demasiado parado, precisava de um argumento um pouco mais trabalhado!

O filme conta a história de um músico Bad Blake (Jeff Bridges) que canta/toca música folk/country, que teve o auge de sucesso da sua carreira à uma dezena de anos atrás e desde então a sua fama e “valor comercial” tem vindo a descer. Muito agarrado ao passado, já com um nível de popularidade muito baixo, passa a vida a percorrer centenas de km´s para tocar em bares de pequenas povoações… quem o viu, quem o vê!

A companhia dele era a guitarra, mas o álcool começava a ser seu grande companheiro.

Entretanto entra em cena Jean Craddock (Maggie Gyllenhaal), uma rapariga jornalista cerca de 20 anos mais nova e em início de carreira a trabalhar para um jornal local que tem a oportunidade de o entrevistar. Mas aquilo que pretendia ser apenas uma entrevista acaba por se desenvolver e transforma-se uma relação amorosa que faz o músico recomeçar a pensar na vida de uma forma mais optimista.

Com percalços e sobressaltos na vida, percepção da importância de um filho na vida, esta caminha (previsivelmente) para um happy end.

Grande parte do filme é passado a falar de músicos do Country (nomes que não nos dizem nada) e outra grande parte a ouvir as músicas do cantor (quando o filme não é nenhum musical.

Realço ainda o papel tão curto e discreto que o Colin Farrel desempenha no filme, enquanto músico-discípulo do Bad Blake e actualmente no topo da tabela da música country.

Acho que se pode considerar o prémio de melhor actor principal bem entregue, pela forma como Jeff Bridges desempenha o papel de um músico alcoólico, solitário e recentemente apaixonado, mas de resto o filme não tem muito de enaltecedor.

Não aconselho a ver, mas também não aconselho a não ver… decidam!!

Saudações cinéfilas.

sábado, 20 de novembro de 2010

RED - Perigosos




Retired Extremely Dengerou (Reformados Extremamente Perigosos) … fui ver esta comédia e o meu índice de satisfação não ficou muito alto! Um filme com um elenco de luxo, com actores de nome e renome como Bruce Willis, Morgan Freeman, John Malkovich, e o resultado é um filme com um argumento muito pobre…

É uma tentativa de chegar aos calcanhares da saga de James Bond.

Tudo pode acontecer… casas completamente destruída e metralhadas por dezenas e dezenas de homens, e o actor principal sai ileso de dentro da casa sem um único arranhão!

Grandes tiroteios e os heróis saem sempre vencedores… carros em altas velocidades e pode-se saltitar em cima deles e ou a sair deles em pleno andamento…

Não estou a dizer que não se veja o filme… são gostos e não detestei o filme, mas enfim, vê-se, a comer umas boas pipocas, mas questiono se vale mais o filme ou as pipocas.

Ok, é uma comédia!! Mas pode-se dar algum realismo às comédias(o que certamente não é o caso)!

Actores com carreiras fabulosas, com filmes históricos e marcantes a fazer filmes destes dá a entender que a crise também já chegou ao cinema. Acho que mais valia o Bruce willis e o Morgan Freeman se juntarem ao Malkovich e ao Clooney e investirem em mais anúncios para a Nespresso.

Por falar nisso, vou tomar um café.

Mistérios de Lisboa (2010)




Uma crónica maior que as habituais, pois o filme assim o obriga.

Um filme com uma “breve” duração de 4 horas e meia… coisa pouca!! Quando me convidaram para ver o filme pensei que não valeria mesmo a pena, que seria dinheiro gasto em vão e que certamente iria adormecer em plena sala de cinema, face à longa duração do filme e às típicas produções portuguesas baseadas nas novelas dos nossos escritores.

Neste caso o autor era Camilo Castelo Branco e a novela chamava-se “Mistérios de Lisboa” . Um elenco de alguma qualidade no panorama de actores portugueses ainda em início de carreira, contracenando com actores franceses e italianos.

No entanto, quando o filme começou (por volta das 19h30) nem dei pelo tempo a passar… a história era empolgante. A caracterização de todos os personagens, os cenários setecentistas e a delicada linguagem como se comunicavam, fizeram-me transportar no tempo e regressar a 2 séculos atrás… e num “instante” já era meia-noite e estava a terminar o filme.

“Permiti então que vos fale um pouco desta obra que Raúl Ruiz com a sua nobel arte de realizar, nos teve a gentileza de brindar” ;-) … Peculiares personagens marcam este filme:

- Um Jovem (João Luís Arroja) que não sabia quem era o pai e nunca tinha visto a mãe, por isso apenas se chamava João… sem qualquer apelido (José Afonso Pimentel – Pedro em adulto)!!

- Diniz (Adriano Luz)... Cuja vida obrigou um homem a vestir o papel de vários personagens, terminando como o Padre Diniz, pairando sempre o mistério se era realmente um Padre…

- Ângela de Lima…uma Condensa (Maria João Bastos), cujo casamento “arranjado” a conduziu a uma infelicidade extrema e a fizera terminar a sua vida num convento…

- Um misterioso e excêntrico homem de apelido “Come Facas” (Ricardo Pereira), que se transforma de um pobre miserável para um dos mais influentes da nobreza mercantil, temido e respeitado nas cortes da época…

- D. Álvaro de Albuquerque (Carloto Cotta), um jovem playboy da nobreza que cobiça uma mulher casada e foge com ela para Itália em busca da felicidade mas o destino troca-lhe as voltas…

- Elisa de Monfort (Clotilde Hesme), uma mulher obcecada por um homem e com uma enorme sede de vingança, resultante do desprezo amoroso…

São estas histórias que se entrelaçam e nos fazem viajar no tempo até ao século XVIII e perceber a sociedade da altura. Camilo Castelo Branco nesta sua obra, retrata os comportamentos e as realidades de uma sociedade conservadora e senhorial.

A obra prima passa-se em Lisboa, (nos tempos de Marquês de Pombal), em Itália, no Brasil, e em França, (nos tempos de Napoleão). E o poder, ou a ausência dele, levam os mais nobres a constatar que muitas vezes “A esperança da morte é o paraíso dos Infelizes”.

No final fica a dúvida: Mas a cena passou-se realmente ou foi apenas um sonho de João??

Um filme que no estrangeiro é premiado em festivais de cinema espanhóis, brasileiros, canadianos e americanos, é triste que em Portugal apenas seja projectado em alguns cinemas e durante tão pouco tempo.

Talvez a razão seja apenas a longa duração do filme, mas este já está a ser “convertido” para uma mini serie que passará na TV em 6 episódios. Vamos ver o interesse dos portugueses naquilo que é nosso.

Dou por terminada a minha crónica e fico-vos grato, nobres senhores condes e condensas, pelo vosso precioso tempo que haveis dedicado a ler esta minha humilde opinião sobre esta estranha obra de arte a que os modernos chamam de cinema.

Passai bem.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Contraluz (2010)





Há uns meses fui ver um filme que me marcou e sob o qual fiquei de escrever aqui um comentário! Um filme cujo trailer já tinha visto várias vezes e que era sempre precedido por uma mensagem de António Feio (já na recta final da sua vida), onde ele dizia “Aproveitem a vida e ajudem-se uns aos outros apreciem cada momento, agradeçam e não deixem nada por dizer”! Ao ver o filme estas palavras fazem sentido…


Falo do filme “Contraluz”. O filme baseia-se num conjunto várias histórias de vida cujo destino, se encarrega de as cruzar: um homem a querer acabar com a sua vida, uma adolescente que ouve diariamente uma palavra de um telemóvel e essa palavra poderá ser causa de uma morte, uma mulher cujos seus dias caíram na rotina de conduzir um reboque, um homem alérgico a latex...entre outras vidas! cada uma com a sua particularidade.

O argumento do filme faz-nos constatar que não estamos sozinhos no mundo e que precisamos uns dos outros. Certos gestos e atitudes podem-nos salvar a vida ou a vida de outros que desconhecemos.

O destino exige a nossa presença em determinadas situações, por razões muito fortes como a própria vida. A nossa vida é apenas um fio de uma gigantesca teia onde nos cruzamos, em encontros e desencontros, com milhares de outras vidas e onde determinado acto ou gesto pode ter consequências gigantescas.

A grande maioria das vezes, não damos conta disso porque vivemos toda a nossa vida em Contraluz!!!

Quando estamos mal na vida o que há a fazer é escutar o nosso GPS: “Please make a new turn, you are on the wrong course to your destination”.

Um bom filme onde Joaquim de Almeida reitera as suas qualidades de actor e Fernando Fragata mostra a Hollywood que também sabemos realizar bons filmes.

Realço ainda a banda sonora, particularmente a musica final: Santos e Pecadores - Tela.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Ondine - 2010


As histórias de pescadores são das mais interessantes que podem haver. São sempre habitadas pela imensidão do mar e por criaturas misteriosas ou perigosas. O oceano inspira-nos e faz-nos sonhar mas também nos assusta e nos coloca no nosso pequeno lugar terreno. Todos estes elementos são os melhores ingredientes para se gostar de uma história de mar. Ondine, o filme do realizador Neil Jordan com os actores principais Colin Farrel e Alicja Bachleda-Curuś, é um desses casos. Antes de ver o filme, senti-me seduzido pelas imagens presentes no cartaz: as cores húmidas e enubladas das paisagens, o olhar longo do pescador e os traços endeusados da mulher que podia ser muito bem uma ondine, uma selkie, ou uma sereia… Os nomes referem-se a personagens mitológicas, criadas pelos humanos para representarem os seus sonhos e as fatalidades da sua condição mundana. Ondine é uma mulher-deusa que vive no mar e que amaldiçoa o seu marido infiel. Ela ganhará uma alma casando com um homem em terra e sendo a mãe do seu filho. O homem em terra é o pescador, esse ser solitário que conta os seus segredos e desejos à imensidão do oceano. A verdade não é aquilo que conhecemos, é aquilo em que acreditamos.