segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Um novo começo!


Bom dia a todos! É com muito gosto que eu e o meu amigo Pedro Marçal regressamos a este blog! Estamos cheios de vontade de sentir o prazer de escrever sobre filmes outras vez. Para assinalar simbolicamente este novo começo deixo aqui algumas palavras e o trailer do filme "The New World", de 2005.

 "The New World" é um filme histórico. Assinala a colonização da América por britânicos no século XVII. O ponto de contacto faz-se entre os colonos ingleses e os nativos do continente. John Smith (Colin Farrel) e Pocahontas (Q'orianka Kilcher) são as personagens pelas quais o velho e o novo mundo se encontram. Um começo para ambas as partes.
Este é um filme de Terrence Malick, autor de "The Tree of Life". Tal como este, "The New World" é um filme carregado de imagens fascinantes e de sons ou silêncios cativantes.
Agora vejam e comentem. Observem o filme e deixem-se levar... Apreciem!

Link para o trailer

https://www.youtube.com/watch?v=b-zMIgxbmnA

sábado, 6 de outubro de 2012

Once - Apenas Uma Vez (2006)



 Amo a música. Sem sairmos do lugar, ela consegue levar-nos a lugares onde já estivemos ou que gostaríamos de estar… recorda-nos momentos bons e menos bons, aviva-nos a memória e faz-nos pensar em pessoas, coisas, fragmentos da nossa vida!

"Once-Apenas Uma Vez" é um filme musical e confesso que filmes musicais, associo-os ao recente “Mama mia” realizado com música muito comercial, com letras “cliché”…É dos tais filmes onde se vê claramente que o argumento é “fabricado” para encaixar nas músicas já feitas…roubando genialidade ao filme.

Neste caso, não é essa a ideia que passa. Os belos momentos que a pelicula oferece fazem com que a música abrilhante ainda mais o argumento e se transforme num desenrolar de sentimentos.

Um Rapaz ( Glen Hansard), vive com o seu pai, amarrado a um grande amor do passado… ele em Dublin ela em Londres separados por uma traição! Apesar da distância física, o seu coração traído persiste em continuar amarrado a essa pessoa. Para além de trabalhar na loja de aspiradores com o seu pai, toca musicas originais na rua para ganhar mais uns ”trocos”.

Nessa mesma rua, uma rapariga (Marketa Irglova), vende flores. Vinda da República Checa, vive com a sua mãe e com a sua filha de 3 anos. Também ela com um passado amoroso complicado. Engravidou e casou por obrigação, para cumprir os estereótipos familiar e social. As coisas não funcionaram e veio viver para Dublin, carregando com ela aquele amor passado.


Os 2 personagens começam a aproximarem-se e um aspirador é o mote para começarem a sair :-)… ele sempre com a sua guitarra e ela com o seu gosto por piano, vão-se conhecendo devagar e através de melodias das suas letras, vão metaforizando as suas vidas e vão criando laços muitos fortes. O que convencionalmente se chama de amizade, no filme ultrapassa esse patamar e já se pode chamar de amor…  a música vai aproximando os 2 corações ainda amarrados ao passado!

É daqueles filmes que (como eu gosto) lança perguntas e espalha dúvidas no decorrer e no fim da história. Será que ambos vão conseguir voltar às suas antigas caras-metades? Será que vale a pena? Será que a felicidade de cada um não está na “melodia” que se vive no momento com outra pessoa? Algumas decisões no fim do filme podem levar a responder a estas perguntas… ou não!!



Uma pintora profissional  (N.G. ) disse-me recentemente que… para interpretar uma pintura, devemos abstrair-nos de todas nossas ideias pré-concebidas e criar novas a partir do que vemos… é isso que proponho a quem vir este filme!

Realço ainda os cenários… para além das ruas e ruelas de Dublin, “Once” brinda-nos com paisagens naturais que qualquer camara fotográfica gostaria de captar!


Deixo aqui uma das principais músicas...“Fallinf slowly”! Tanto a música como o poema são magníficos.


Enjoy it!

quarta-feira, 23 de maio de 2012

'15 filmes da minha vida' - Nº1 - As Pontes de Madison County (1995)

As Pontes de Madison County ficaram para sempre imortalizadas pelas fotografias de Robert Kincaid (Clint Eastwood). Uma ponte simboliza uma passagem, uma passagem para mais além. Uma estrutura de união e não de separação. Robert Cincaid vive numa realidade nómada. Francesca (Meryl Streep) enraizou-se na terra, na família. O primeiro sonha com unidade, a segunda, sonha com expansão. Mas ambos querem encontrar-se. Os impulsos ditam o decorrer da acção e já nada será como dantes. Mais tarde, perduram fotografias de pontes, de avanços e recuos, de revelações e cumplicidades. Francesca veio de Itália com idade de novata. Na bagagem, o sonho de conhecer o mundo e o amor. Francesca torna-se Francesca Johnson no Iowa, no centro dos Estados Unidos. O cenário é sereno, a vida passa-se a um ritmo tranquilo. A mulher resgatada em Itália tornou-se na mulher mãe, na cuidadora da família. E isto seria perfeito. Ou talvez não. De alguma forma, ela não consegue negar a voz dos seus sonhos e o apelo do espaço amplo que nela habita. O quotidiano decorre até ao dia em que a paixão e o amor a visitam e despertam todo o seu ser. Robert Kincaid é um solitário. Observa a vida à medida que se move. Pertence a tudo para cada vez pertencer mais a ele próprio. Até ao dia em que não aguenta mais. As visões registadas na sua máquina fotográfica e no seu coração têm que ser partilhadas. Porquê? Não se questionam estes anseios quando aparecem. As emoções tomam conta das pessoas e ditam-lhes a acção. É preciso estar lá, não forçar mas estar disponível. A oportunidade está aí. Perante duas pessoas que fazem vidas diferentes mas que se complementam interiormente. A determinada altura do filme, Robert chega a dizer para Francesca: “Nós já não somos duas pessoas mas uma”. Há no ar um reconhecimento que talvez tudo o que foi feito para trás não tenha sido senão afinal, o pretexto para eles se cruzarem na vida, naquele momento, naquele lugar, naqueles dias. O desejo anda de braço dado com o temor. Somos criaturas de corações divididos. Procuramos estabilidade mas também aventura. Temos medo de nos arrepender mas também de arriscar. E vivemos muitas vezes no limbo, na fronteira. Outras, no melhor de dois mundos. Cada caso é um caso e as pessoas baseiam as suas acções naquilo que acreditam mas também naquilo que podem fazer no momento, na hora H. Este é um filme típico do realizador Clint Eastwood. Os temos escolhidos para os seus filmes retractam montanhas de sentimentos e emoções humanas. Locais altos onde convivem vistas deslumbrantes e abismos tremendos.

domingo, 18 de março de 2012

O Artista (2011)

O Artista...



Foi o filme que venceu a larga maioria dos Oscars de Hollyood de 2012,inclusivé o de melhor filme, e acho que foi bem entregue.

É um filme que nos consegue fazer regressar aos anos 20 do cinema oferecendo-nos a classe do “black and white”. Um exemplo de um filme, que sem diálogos (ou muito poucos) consegue cativar a nossa atenção e pelo seu conteúdo e primitividade dá cor a toda a história de um excelente argumento.

George Valentin (Jean Dujardin), na ribalta das camaras de cinema, trabalha como ator participando em muitos filmes que fazem dele um homem famoso e muito popular nos finais da segunda década do século passado, contribuindo para que até a sua relação conjugal se deteriore.

Deteriora-se a sua relação matrimonial, mas há uma que nunca se perde… um personagem que, se falasse, merecia o óscar para melhor ator secundário… um cão  é o símbolo do companheirismo, e do exemplo em como o amor que um animal sente pelo dono jamais se perde em qualquer circunstancia e pode levar, como é o caso, a que lhe salve a vida.

No meio das suas milhares de fãs, o destino quer que se cruze, ainda que de uma forma trivial, com a sua fã Peppy Miller (Bérénice Bejo). A intensidade na troca de olhares leva a que esta fã incondicional, fosse à sua procura para o mundo de Hollywood.

A sorte, misturada com a arte de bem dançar, levam a jovem para os camarins dos bastidores das realizações cinematográficas. E é pelas suas belas pernas e pelos seus dotes de dançarina, que George Valentin reencontra Peppy Miller.

Num dos momentos mais chegados, no seu camarim, George faz ver a Miller, de uma forma muda que ela já é linda mas com um pequeno toque – um sinal, o seu rosto pode ficar ainda mais bonito. Este sinal torna-se um “link” entre os dois, ajudando a que eles nunca se esqueçam. Um sinal que ela nunca apaga quando entra num palco.

Mas um volte-face no estilo cinematográfico, leva a que o orgulho de George o comece a afundar. Com o tempo, em cerca de 2 anos, passa de um rico e famoso ator de cinema a um homem triste, pobre abandonado pelo sucesso e agarrado à garrafa do álcool.




Acaba por perder tudo o que tem, exceto o seu grande e fiel amigo cão e leiloa todos os seus bens para poder sobreviver. Um pequeno leilão, onde estranhamente, todas as suas peças são compradas apenas por um homem.

Amargurado, angustiado enquanto revê as suas peliculas na sua pobre casa, um momento de ira leva a que as comece a destruir e lhes deite fogo, incendiando também a casa. Vendo o dono correr perigo o seu único e fiel amigo vai em busca de socorro e conseguem salva-lo. A ele e a uma pelicula que ele não queimou e não a quis largar por nada.

Sabendo da notícia, Miller leva-o para sua casa e este agradece… o seu orgulho leva-o a não aceitar propostas de Miller para participar em novos filmes do género que ele recusou contracenar. E acaba por se rever no papel da sua antiga mulher: abandonado por outra pessoa que bajulada pela fama não lhe dá a atenção que ele desejava.

O filme dá voltas e mais voltas, são postos de parte orgulhos e preconceitos e no final Miller e George acabam por criar eles o seu próprio estilo de atuação… e as 2 estrelas sobem ao palco num estilo muito próprio, pelo qual se reencontraram – a dança.



Vejam que vale a pena.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

´15 filmes da minha vida´ - Nº2 - A Vida é Bela (1997)

Podemos escolher a atitude que temos perante a vida? Roberto Benigni afirma definitivamente que sim. Mesmo quando a guerra nos acena, mesmo quando a perversidade nos olha de soslaio. No meio do sujo e do feio é possível preservar o belo. Este filme prova-o. A Vida é Bela é um filme sobre o triunfo do amor. O amor entre homem e mulher, entre pai e filho, entre o ser humano e a vida. Guido Orefice (Benigni), é um incansável optimista, alguém que inspira os que estão disponíveis para amar (e os que estão menos) que se cruzam no seu caminho. Certo dia, Guido espalha-se contra o amor da sua vida: Dora (Nicoletta Braschi), a sua principessa. Guido tem um plano, ser o ator principal num filme de amor, de uma película que se confunda com o dia a dia e que se torne ela mesmo, realidade. O desafio começa, de peripécia em peripécia, de heroísmo em heroísmo. Guido e Dora são felizes juntos, eles passeiam de mão dada, eles dançam à chuva, eles educam um filho. Até que o negro surge no horizonte. Sob a forma de uma farda cinzenta e de um olhar metálico. A ameaça nazi havia chegado à Itália. De um dia para o outro, Guido e Dora veem-se separados pelos alemães. Destinados a morrer, Guido segura-se no seu filho, Giosué Orefice (Giorgio Cantarini), e ao seu… otimismo. Para Guido a vida tem um sentido, voltar a ver Dora, preservar a vida do seu filho e a sua e voltar a respirar sob um céu azul brilhante. Quanto ao sorriso, esse dificilmente desaparecerá. Mesmo estando dentro de um campo de concentração. A esperança de um futuro melhor torna-se no jogo prático do dia a dia. É possível transformar o desespero de estar num campo de concentração numa entretida atividade que envolve sistema de pontuação e prémios? Guido consegue-o pelo filho. É a família que o prende à vida. Ele, o livre espirito. Tal como um dia não deixou de ser determinado quando resgatou a sua principessa das mãos de um incómodo noivo, também agora irá ludibriar e passar a perna a alemães sisudos e mecânicos. A aventura continua. Esta é uma história que me custa acreditar. De tão heróica, de tão bela, de tão perfeita. É muito difícil derrubar monstros. Roberto Benigni fá-lo muito ao seu jeito. Com um entusiasmo e um positivismo que contagia. Talvez dificilmente algo assim se passe na realidade. Mas uma coisa é certa, a atitude depois de ver este filme nunca mais será a mesma.

domingo, 4 de setembro de 2011

Num Mundo Melhor (2010)



No meu comentário ao filme “Biutiful”, mencionei que era merecedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro… e até ao momento era, mas este consegue supera-lo. Acho que foi bem entregue a estatueta.

“Num Mundo Melhor” é um filme passado na Dinamarca onde são cruzadas as vidas de duas crianças em situações delicadas: Elias e Christian. Elias vive um momento de separação dos pais, a ausência do pai, que enquanto médico divide o seu tempo entre a sua família e um campo de refugiados em África. Elias é também vitima de fortes momentos de “bullying” na escola; Christian acaba de perder a mãe e sente-se revoltado com o mundo e especialmente com o pai achando que este tem culpas por ter optado pela eutanásia provocando a morte da mãe que sofria de um cancro já em fase terminal.

Não entendo do assunto mas parece-me que o filme daria um bom “study-case” para uma aula de psicologia infantil. Ajuda a perceber de que forma factores como a família, a amizade, o companheirismo e a noção de justiça podem levar crianças a actos tão atrozes como espancar colegas e explodir veículos como forma de impor essa justiça em prol daqueles que mais gostam.

Os conceitos de “vingança” e “perdão” são muito sublinhados no filme e constituem o seu pano de fundo e a sua essência.



O pai de Elias, enquanto médico num campo de refugiados, vive momentos drásticos, casos de vida e morte, situações de extrema violência e injustiça. Com estas situações aprende que a vingança não é o melhor caminho para se atingir os fins. Ele tenta transmitir este conceito ao filho, mas até que ponto uma criança, no seu mundo, consegue ter a noção dos conceitos de vingança e perdão, conseguindo que o segundo vença o primeiro?

“Num Mundo Melhor” consegue atingir uma pontuação de 7.7 (numa escala de 0 a 10) no site IMDB, o que é um sinal da boa qualidade da película.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº3 - Patch Adams (1998)


Para explicar o porquê de gostar tanto deste filme é necessário dizer que este é muito mais que isso, é uma história verdadeira e que inspira. A lista que estou a construir com 15 dos filmes que mais emocionalmente me marcaram não poderia deixar de contar com uma história que carrega um dos sentimentos que mais gosto de cultivar: o optimismo. Deverei ter visto Patch Adams pela primeira vez há quase 10 anos. Nessa altura fui atingido pela enorme boa vontade, criatividade e boa disposição que o actor Robin Williams emprestou à personagem deste médico que na verdade, existe mesmo. Hunter ‘Patch’ Adams foi um jovem, a quem a vida o empurrou a fazer escolhas de uma vida. Ele fundou um hospital aberto 24 horas por dia e que oferece serviços grátis: o Instituto Gesundheit. Adams é da opinião que o objetivo máximo de um médico não é apenas curar mas, acima de tudo, cuidar.
A história no filme passa-se dentro de um hospital universitário onde Patch Adams tira o curso para se tornar médico. Entre aulas, estudo e a vida entre os seus colegas, cedo se começam a notar as visões e atitudes fora do comum em relação à abordagem que os médicos devem ter perante aqueles que necessitam de cuidado. Durante a prática universitária que inclui a visita regular aos quartos, enfermarias e salas de operações, Adams observa uma relação demasiado distante e desigual entre os tradicionais médicos(as) e enfermeiros(as). Apesar de estas últimas tomarem o seu partido à medida que o tempo passa. Perante isto, o espírito fresco, jovem e optimista de Patch Adams resolve intervir mais de perto e defender os pacientes, aproximando-se deles com o seu sorriso, o seu positivismo e a sua atenção. Mas, considerando formas estar e atitudes tão enraizadas na prática hospitalar, é compreensível que haja quem não partilhe destas inovadoras visões da prática da relação entre o médico e os doentes. Dean Walcott (representado por Bob Gunton), é quem representa esta facção que reprova veemente as práticas de Adams. Este médico reitor faz tudo por sabotar as intenções de Patch Adams. Este responde-lhe com mais e mais humor, amizade e igualdade perante os doentes. Entre as cenas divertidas do filme, há uma que representa bem o ambiente provocatório existente entre os dois. Aquando da organização de uma conferência de ginecologia que deveria ser organizada pelo hospital e também por Patch Adams, o estudante invulgar resolve dar as boas vindas aos médicos ginecologistas de uma forma engraçada e peculiar. À entrada do local reservado para a conferência, Patch instala umas pernas femininas gigantes nas quais a vagina é a porta de entrada do hospital. Escusado seria dizer que Dean Walcott, o reitor, fica fora de si perante isto e que este episódio é a gota de água usada para que Dr. Dean leve em frente a sua intenção de não permitir que Patch se torne médico.
As ideias loucas e os sonhos apaixonados de Patch Adams são partilhados com os seus colegas mais próximos do hospital universitário, Truman (Daniel London), Cari (Monica Potter) e até com o aluno exemplar Mitch (Philip Seymour Hoffman). Mitch representa também no filme a perfeita adaptação de um médico apenas à sua função utilitarista, intelectualmente superior, que no entanto descura os afectos e a proximidade com os doentes. Esta mentalidade é aquela que Patch Adams não defende, procurando para si e para quem o quiser seguir, uma perspectiva mais cuidadora e menos absolutista face à doença e ao sofrimento humano. Uma das frases mais inspiradoras e que mais me comoveram no filme foi proferida quando Patch se defendia perante o tribunal de médicos seniores: “Meus senhores, gostaria de vos dizer que se nós, como médicos, nos focarmos apenas na doença (e obsessão na sua erradicação), ganhamos e perdemos umas vezes. No entanto, se nos focarmos no cuidado da pessoa, garanto-vos que ganhamos sempre!”.
Um filme bonito e inspirador onde o drama e o bom humor estão presentes, fazendo desta uma das melhores histórias contadas no cinema.