quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº14 - Match Point (2005)


"The man who said: 'i'd rather be lucky than good in life' saw deep in life". O excerto refere-se a uma frase proferida por Chris Wilton, umas das personagens principais de Match Point. Woody Allen é um escritor e um realizador experiente. Faz filmes há décadas e o tema é recorrente: as relações humanas. Não sendo um especialista no autor, li na altura que este filme era de alguma forma uma mudança grande na sua obra. De amores obsessivos e questões existenciais sob a forma de comportamentos neuróticos, Woody Allen apresentáva-nos em 2005 um filme negro, trágico e muito menos divertido do que os anteriores. Diz quem conhece bem o seu trabalho, e eu que conheço alguma coisa, que este filme não deixa de ter qualidade devido à constatação atrás realizada. Antes pelo contrário.
Match Point interessa-me porque nos envolve num enredo onde a natureza humana se despe para nos deixar ver o seu pior e o seu melhor. A história, como o excerto que aqui deixei na primeira linha deste texto testemunha, deambula pelo papel que a sorte tem nas vidas de um ser humano. Usamos a lógica e um código de valores para nos guiarmos no mundo mas muitas vezes é a sorte que define o próximo passo da nossa realidade.
Chris Wilton é um professor de ténis que de forma muito rápida se encontra prestes a entrar no mundo da alta sociedade. Mais do que isso, ele está prestes a entra no circulo de confiança da familia. Ele é subitamente um homem dividido entre o materialismo e o amor. Entre a estabilidade e a paixão. Numa trama complexa, este homem vive um autêntico conflito psicológico. É um mentiroso implacável mas que sabe estar à altura das exigências do mundo à sua volta. Vive ao sabor das paixões e confiando na sorte. Nada é ilegitimo e tudo é possivel. Em última análise ele prefere ter sorte do que ser um homem bom.
Este é um filme imprevisivel e por isso gosto dele. Os homens e as mulheres deste mundo agem muitas vezes por razões que se mantém à tona da realidade mas também muitas vezes por razões que são subterrâneas e muito dificeis de identificar.
A ópera, elegante e trágica, é o acompanhamento musical perfeito para esta história. A nivel visual, o filme tem muito bom gosto na forma como é filmado e os atores são impressionantes.

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