domingo, 6 de março de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº11 - Gran Torino (2008)


Mais um filme com o Clint Eastwood, como actor principal, realizador e produtor.

Começo o meu comentário pelo final. O filme termina com uma música extraordinária, cuja letra nos vai falando dos valores da nossa existência, e como um bem simbólico - carro, nos pode trazer sentimentos passados, e presentes, e ser um marco da nossa vida.

Toda a música é um poema, carregado de emoção que retrata partes do filme.

“gentle now the tender breeze blows
whispers through my Gran Torino
whistling another tired song”

Gran Torino, é o nome de um carro… um carro antigo, da década de 70, que no filme poucas vezes aparece e nos faz questionar, porquê o filme tem este nome. No fundo o Gran Torino é um símbolo. Um símbolo de valores, recordações, que simboliza a transição de gerações ao qual o coração de Walt Kowalski ( Clint Eastwood), está bastante “amarrado” e representa uma “ancora” no seu tempo passado, presente e futuro.

Walt é um velho ex-combatente da guerra do Vietname, rude, sempre rezingão e com uma personalidade difícil, criada pelo difícil percurso de vida e que nada faz para ser simpático. Mora num bairro onde a sua vizinhança é multicultural, muito dominada por orientais chineses, com a qual este não se identifica.

Passando as suas tarde junto na sua varanda, junto ao jardim de sua casa, Walt assiste aos problemas de aculturação os orientais recebem ensinamentos ocidentais de como se deve ser e estar nesta sociedade. Mas esta sociedade está diferente e nem o velho americano, compreende a nova América. Os problemas culturais e geracionais são obstáculos para o ex-combatente.

É um filme que sublinha o significado da presença ou ausência da família, nos bons e maus momentos. Não só nos momentos festivos e de pesar, em que a tradição “manda” que se deve estar presente, mas também nas restantes ocasiões.

Mas com o desenrolar do filme, a ausência de amor daqueles que supostamente lhe deveriam ser mais próximos, afunda-o numa solidão cujas únicas companhias são o álcool, o tabaco e um cão. Entretanto, por detrás desse homem frio, há um homem com sentimentos, que instintivamente reage a injustiças e começa a ter uma nova atitude face à vida, quando é muito bem acolhido pelos seus vizinhos (com os quais nada simpatizava) e percebe o sentido de família e comunidade, “apegando-se” muito aos 2 vizinhos adolescentes.

Mais não conto desta história que é simples mas cheia de conteúdo.

Se não virem o filme, pelo menos ouçam a música final de Jamie Cullum, cantada pelo próprio Clint Eastwood… acho-a esplendorosa e emocionante. Cada estrofe do poema reflecte partes da vida quotidiana de Walt e espelha-nos o que a vida de cada um de nós pode significar, podendo cada um de nós, à sua maneira, ter o seu próprio “Gran Torino”.

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