segunda-feira, 2 de maio de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº03 - Cinema Paraiso (1988)



Um drama italiano de 1988, do realizador Giuseppe Tornatore que vale muito pela sua simplicidade. É um filme com uma carga emocional muito forte, onde a música e a banda sonora dão grande requinte à película.

É um filme sobre cinema. Uma criança - Toto (Salvatore Cascio), muito traquinas, que adorava cinema, cresce junto de Alfredo (Philippe Noiret), o dono do cinema de Giancaldo, (uma pequena cidade italiana perto da Cecília) e quer ajuda-lo para poder ver os filmes de graça e para aprender a trabalhar em cinema. Esta paixão pelo cinema vai crescendo e Salvatore (Toto já em adulto) acaba por fazer do cinema sua profissão, primeiro na pequena cidade e mais tarde, muito longe da Giancaldo, tornando-se num bem sucedido cineasta.

Certa noite, já em adulto, Salvatore recebe a mensagem de que a sua mãe tinha ligado a avisar que Alfredo, o seu “pai” na sua infância e juventude, tinha morrido. Aquele, que lhe tinha dito para partir em busca de uma vida melhor e nunca mais voltar a Giancaldo, tinha falecido.

O filme é, na sua maior parte uma recordação. Salvatore recorda em pensamentos, a sua infância, adolescência e juventude, os bons e maus momentos que passava com Alfredo, naquela pequena cidade.

Salvatore recorda-se das alegrias que passaram juntos. No fundo Alfredo tinha sido o pai que ele tinha perdido na guerra (do qual ele já mal se recordava). Lembra-se dos bons momentos que viveram juntos, os conselhos que Alfredo lhe tinha dado. A ternura de um amigo confidente e as travessuras que em miúdo e adolescente Toto tinha cometido.

Recorda os personagens peculiares que habitavam a cidade, desde o padre super conservador que pedia a Alfredo para ver os filmes e mandar cortar as partes que envolviam beijos e outras cenas mais íntimas, ao senhor que adormecia nos filmes, passando pelo senhor que já sabia a história de cor, o senhor que mal educadamente cuspia para cima dos outros espectadores e um dia recebeu a troca, o maluco que se auto intitulava como dono da praça, a professora e os seus métodos ortodoxos de ensinar, o dia em que Toto ajudou Alfredo a fazer o exame da primária, ganhando com isso o privilégio de poder ir ajudar o seu amigo Alfredo na sala de projecções, enfim um conjunto de personagens, todos eles muito simples, mas também muito caricatos e engraçados.

Um dia, Alfredo abre a janela e com um movimento de camara “transporta” a imagem do seu filme para a parede da praça, levando a alegria a quem lá estava, mas foi aí que o Cinema Paraíso, se incendeia. Com muito esforço, Toto consegue salvar Alfredo, mas que inevitavelmente fica cego. A forte amizade, ainda mais forte se tornou.

Já na adolescência, um dia Toto apaixona-se por uma bela ragazza, que não quer namorar com ele. Ele, seguindo uma história que Alfredo um dia lhe contara, diz-lhe que esperará 100 dias e 100 noites para que ela realmente o comece a amar. E assim foi, todas as noites quer fizesse frio ou calor, quer estivesse bom ou mau tempo ele ali estava, esperando que a janela se abrisse.

Quando ele regressa a Giancaldo, para o funeral de Alfredo, vê os sinais do tempo… recorda-se de todas estas histórias e personagens, revendo as pessoas já com 30 anos a mais, a cidade quase abandonada, o cinema paraíso prestes a ser destruído e a viúva de Alfredo, que lhe diz que tem uma “coisa”, para lhe dar que Alfredo lhe tinha deixado.

Era uma fita de cinema. Já numa das suas “profissionais” salas de projecção, pede que projectem essa fita, e esta é, nada mais, nada menos, que o somatório de todas as cenas censuradas que o padre tinha mandado cortar. Beijos, momentos sensuais, cenas mais ousadas, cenas destemidas, ensejos atrevidos, todos os momentos mais afoitos que na sua infância tinha sido privado de ver… e vêm as lágrimas a Salvatore.

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