sábado, 5 de fevereiro de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº12 - O Nome da Rosa (1986)


Todos os filmes de qualidade têm uma trama que por si só revela a densidade e o interesse que uma história pode ter para o espectador. Adicionalmente, este tipo de filmes trás consigo o retracto de uma época, ou seja, dizem-nos como as pessoas pensam e como se comportam em determinada época da história.
O Nome da Rosa, um filme de Jean-Jacques Annaud, com Sean Connery, F. Murray Abraham e Christian Slater (salvo erro, no seu primeiro papel de cinema), é um filme desses, hipnotizante na trama e rigoroso no retracto histórico.
O enredo passa-se num mosteiro da Europa algures no século XIV. Este mosteiro é habitado por monges que reclamam para si toda a higiene moral do mundo, sendo no entanto traídos por muitas das suas acções. As personagens são quase todas estranhas. O aspecto físico é quase sempre deplorável. William of Barkersville (Sean Connery) chega acompanhado ao mosteiro pelo seu protegido (Christian Slatter) e depara-se com um clima obscuro e de desconfiança. Vários crimes ocorrem e William prontifica-se a ajudar a resolver este mistério que interfere na vida no mosteiro. Os modos e mentalidade de William contrastam com a moral e pensamento dos monges residentes. Ele é um humanista e um racionalista tocado pelas forças do amor. Por outro lado os outros monges olham o prazer e a alegria como sendo tentações pecaminosas. É esta perspectiva dualista que influencia todos os acontecimentos que decorrem neste mosteiro escuro, frio e sinistro. A santa inquisição faz também a sua aparição neste filme. Ela é o juiz implacável que varre da superfície da terra todos aqueles que colocam em questão a sua verdade. A verdade de Deus? Que Deus é esse?
Este filme faz a separação entre a verdade de certos homens e a verdade do mundo, da natureza e, porque não dizê-lo de Deus. Talvez Deus seja só um mas ele pode, de certeza, ser aquilo que o Homem queira que ele seja. Para o bem e para o mal, como se vê nesta história.
Gostei imenso do realismo intencional do filme, como atrás referi. Ele é uma fantástica referência à inquisição, à idade média, ao pensamento religioso, à inteligência e ao espírito humanista.

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