terça-feira, 17 de maio de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº02 - A Vida é Bela (1997)



No meu “top 3”, 2 filmes italianos. Depois de “Cinema paraíso”, o meu Nº2 chama-se “A Vida é Bela”. Gosto de cinema italiano. Gosto da sonoridade da língua italiana numa sala de cinema.

É um filme do ano de 1997, Realizado por Roberto Benigni , que também encena o papel principal de Guido, contracenando com Dora ( Nicoletta Braschi) e o pequeno Giosuè (Giorgio Cantarini).

Guido é um homem muito divertido… simples, vindo de uma aldeia, para uma cidade, à procura do seu tio, a quem pede um emprego para melhorar a sua vida. O argumento leva-nos para a década de 40, enquanto Itália atravessava uma fase política e económica muito complicada. Às portas da 2º Guerra Mundial as ameaças pairaram e Itália acaba por se envolver fortemente na grande guerra, com consequências desastrosas para as suas gentes

O filme gira à volta de uma história muito simples, mas esta simplicidade é inversamente proporcional à grandiosidade da compilação de momentos engraçados, dramáticos e cheios de fortes cargas emocionais.

A sua ida para a cidade leva Guido a cruzar-se com uma jovem italiana a que ele chama de principessa. Apaixona-se por essa mulher, que lhe caiu do céu (literalmente) e faz tudo para conquistar o seu coração, das formas mais bizarras e engraçadas.

As formas caricatas que utiliza para a conquistar, fazem-no passar por inspector de escolas, estender-lhe uma enorme passadeira vermelha numa noite de temporal, entrar de rompante na suposta festa de noivado de Dora, montado a cavalo, só para ir buscar a sua principessa …estas e muitas outras peripécias vão-se desenrolando e fazem com que a boa disposição nos “atinja” no filme, mas sempre com a humildade, o carinho e a ternura presentes na aureola de felicidade que envolta o casal.

Entretanto esta felicidade, vai-se dissipando, com aquilo que o futuro lhes reserva. Sofrendo muito por dentro mas nunca perdendo a sua cómica boa disposição, Guido é levado com a sua família para campos de concentração e acaba por ser separado de Dora, ficando com o seu filho de 5 anos – o pequeno Giosuè.

O objectivo de vida de Guido passa a ser reunir novamente a sua família e acima de tudo fazer com que o pequeno não perceba que estão num campo de concentração, a fazer trabalhos pesados, entranhados num mundo de miséria e sofrimento.

Inventa uma história… de que todos se têm de vestir da mesma forma (com os normais fatos de prisioneiros, mas estranhos para Giosuè) e todos os dias os adultos saem trabalhar para ganhar pontos, enquanto os meninos tem de ficar sempre escondidos, pois só assim também conseguem ganhar pontos.

Por isso não se vêm mais meninos no “jogo”, estavam todos escondidos para também ganharem mais pontos. A equipa pai /filho que conseguir atingir os 1000 pontos primeiro, recebe um prémio de sonho para Giosuè… um tanque de guerra (… no final do filme o destino “oferece-lhe” esse tanque, mas não de brincar… um tanque a sério!!). É este cenário que leva ao nome do filme.

Com o ambiente dramático, de dor e de sofrimento, próprios das circunstâncias de guerra, o adulto Guido, em grande e profunda tristeza, consegue transformar a dura verdade num simples jogo, conseguindo não tirar o sorriso dos lábios e ao final de cada dia, para não o ver sofrer, fazer ver ao menino de 5 anos, que “a vida é bela”.

Muitos diálogos e cenas do filme, “arrancam -nos” lágrimas e emoções muito fortes. O amor à família, especialmente a um filho, torna cada momento mais intenso.

Cenas, diálogos e situações do filme “transportam-nos” para um ambiente de guerra. “Transporta-nos” é uma palavra que eu uso muito nos meus comentários, mas é a ideal para descrever a facilidade com que esta película nos ajuda a viajar para a II Guerra e conseguir, entranhar bem as sensações que uma família vive e sente, cada um à sua maneira, numa envolvência de guerra.

O valor de pequenos momentos como ouvir uma música clássica em pleno campo de concentração, poder saborear um pedaço de pão duro e sem geleia, poder ouvir longinquamente a voz de quem se ama, etc, dão uma grande beleza ao filme.

No final Giosuè, consegue ganhar o tanque. Mas e o pai? E a mãe? Voltarão a brincar com ele… como costumo dizer, nem todos os filmes têm de ter um happy-end e quando não o têm, muitas vezes só contribuem para solidificar o realismo do argumento.

2 comentários:

  1. Durante este filme vemos claramente como os sentidos podem ser criados em relação, a situações mais diversas, nunca importando a coisa ou o facto em si, mas a relação que estabelece com ele e com este constitui o cerne da liberdade humana perante o mundo. Desta forma o protagonista conqquista a mulher dos seus sonhos, consegue a livraria tão sonhada,trabalha como garçon, embora soubesse apenas cozinhar um prato. Brinca com as circunstâncias, aliás o humor é uma peculariedade da exestencia humana. " Sem dúvida este filme é fantástico e retrata a filosofia, do Mestre viktor frankl" O sentido caractriza-se por um poder ser, um ir mais além de situação imediata, dando sentido a cada momento novo de experiência..,A vida deve ser respondida vivendo-a. (Viktor frankl) tudo o que se passou neste brilhante filme!

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    1. Excelente perspectiva do filme! Subscrevo. Obrigado pelo comentário!

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