sábado, 6 de outubro de 2012

Once - Apenas Uma Vez (2006)



 Amo a música. Sem sairmos do lugar, ela consegue levar-nos a lugares onde já estivemos ou que gostaríamos de estar… recorda-nos momentos bons e menos bons, aviva-nos a memória e faz-nos pensar em pessoas, coisas, fragmentos da nossa vida!

"Once-Apenas Uma Vez" é um filme musical e confesso que filmes musicais, associo-os ao recente “Mama mia” realizado com música muito comercial, com letras “cliché”…É dos tais filmes onde se vê claramente que o argumento é “fabricado” para encaixar nas músicas já feitas…roubando genialidade ao filme.

Neste caso, não é essa a ideia que passa. Os belos momentos que a pelicula oferece fazem com que a música abrilhante ainda mais o argumento e se transforme num desenrolar de sentimentos.

Um Rapaz ( Glen Hansard), vive com o seu pai, amarrado a um grande amor do passado… ele em Dublin ela em Londres separados por uma traição! Apesar da distância física, o seu coração traído persiste em continuar amarrado a essa pessoa. Para além de trabalhar na loja de aspiradores com o seu pai, toca musicas originais na rua para ganhar mais uns ”trocos”.

Nessa mesma rua, uma rapariga (Marketa Irglova), vende flores. Vinda da República Checa, vive com a sua mãe e com a sua filha de 3 anos. Também ela com um passado amoroso complicado. Engravidou e casou por obrigação, para cumprir os estereótipos familiar e social. As coisas não funcionaram e veio viver para Dublin, carregando com ela aquele amor passado.


Os 2 personagens começam a aproximarem-se e um aspirador é o mote para começarem a sair :-)… ele sempre com a sua guitarra e ela com o seu gosto por piano, vão-se conhecendo devagar e através de melodias das suas letras, vão metaforizando as suas vidas e vão criando laços muitos fortes. O que convencionalmente se chama de amizade, no filme ultrapassa esse patamar e já se pode chamar de amor…  a música vai aproximando os 2 corações ainda amarrados ao passado!

É daqueles filmes que (como eu gosto) lança perguntas e espalha dúvidas no decorrer e no fim da história. Será que ambos vão conseguir voltar às suas antigas caras-metades? Será que vale a pena? Será que a felicidade de cada um não está na “melodia” que se vive no momento com outra pessoa? Algumas decisões no fim do filme podem levar a responder a estas perguntas… ou não!!



Uma pintora profissional  (N.G. ) disse-me recentemente que… para interpretar uma pintura, devemos abstrair-nos de todas nossas ideias pré-concebidas e criar novas a partir do que vemos… é isso que proponho a quem vir este filme!

Realço ainda os cenários… para além das ruas e ruelas de Dublin, “Once” brinda-nos com paisagens naturais que qualquer camara fotográfica gostaria de captar!


Deixo aqui uma das principais músicas...“Fallinf slowly”! Tanto a música como o poema são magníficos.


Enjoy it!