segunda-feira, 28 de março de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº7 - O Lado Selvagem (2007)


O Lado Selvagem é a tradução portuguesa para Into the Wild. Ambos colocam a ideia de selvagem (ou wild) em foco. Neste filme, o selvagem refere-se ao que é primitivo, ao despojo das posses materiais e à liberdade.
Baseado numa história real, O Lado Selvagem conta a história de Chris McCandless, um rapaz de 20 anos que toma a corajosa decisão de iniciar uma viagem solitária rumo ao Alaska. Depois de finalizar a universidade, Chris segue à letra a sua determinação em lutar por um elevado estado de espírito. Começa por despir-se dos seus bens materiais. Ele rejeita o carro oferecido pelos seus pais, rasga os seus cartões de crédito e oferece todo o dinheiro que tem para caridade. Desiludido com os valores de ambição e conformismo social representados pelos pais, Chris, interpretado por Emile Hirsch, procura a sua própria realidade e o seu próprio eu numa odisseia de auto-descoberta que também trará a si e sua família, momentos dramáticos.
Este é um filme de viagens. Um dos aspectos que mais me fascinou quando o vi, é a sensação de nos perdermos e de nos encontrarmos com a personagem principal. Ao adoptar como espectadores o ponto de vista de Chris, estamos também a redescobrir-nos e a colocar questões a nós mesmos. Viveremos nós perto da nossa natureza e da nossa humanidade? Estará o estilo de vida actual a afastar-nos do que realmente nos interessa? O respeito pela natureza, pela família, pelo amor, pelas pessoas é alcançado na sociedade actual? O Lado Selvagem tem passagens lindíssimas, tanto a nível filosófico, como literário. A nível de cenários e de banda sonora.
Chris é um jovem humanista, determinado, profundo e com bom-humor. As pessoas com que se cruza ao longo do filme testemunham-no. Chris consegue emprestar a essas pessoas a sua profundidade de alma, a sua capacidade de empatia e o seu espírito de aventurança. A pureza das suas intenções é percebida por pessoas de idades diferentes em fases da vida distintas. É o verdadeiro espírito da juventude que este jovem representa quando percorre os Estados Unidos, quando entra no México e quando finalmente chega ao Alaska.
É lindo o sonho que alumia a tocha que é o coração de Chris. No fundo, a procura da sua individualidade. Uma odisseia que sempre trará momentos únicos: onde a solidão dura é reveladora e onde a beleza humana é divina.
Lado Selvagem é relaizado por Sean Pean e conta, além do actor principal e entre outros, com Marcia Gay Harden, William Hurt e Jena Malone. A música de Eddie Vedder acompanha maravilhosamente o filme.

terça-feira, 8 de março de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº9 - O Resgate do Soldado Ryan (1998)




Uma morte é horrível… e tirando psicopatas ou outros doentes mentais ninguém é capaz de assassinar ninguém. Quando isso acontece é notícia de abertura de telejornais. Mas e se tivermos uma arma apontada para nós… situações em que ou morremos ou matamos, como reagimos? É assim guerra!

Gosto de alguns filmes de guerra, que nos “transportam” para cenários, que quando bem realizados (como é esta obra de Steven Spielberg) parecem reais, e espelham as derrotas, o pânico, a tristeza e ao mesmo tempo, as vitórias, os laços de amizade, união e entreajuda, entre todos os colegas de combate.

O Resgate do Soldado Ryan, remete-nos para a segunda guerra e conta-nos a história de uma equipa liderada pelo Capitão John Miller (Tom Hanks) que por ordens superiores, parte em busca de um soldado, para eles desconhecido, mas que tendo perdido 3 irmãos na guerra, querem que este volte vivo para junto da sua família.

Nunca estive em guerra (e espero nunca vir a estar), mas consigo imaginar o que é liderar equipas/batalhões de soldados, muitas vezes em desespero de causa, com a morte a pairar sobre eles. É preciso saber tomar decisões certas nos momentos certos, e, em ambientes de alta tensão, ter sangue frio para saber agir.

Momentos em que muita gente que diz não ter fé… sentindo a morte tão perto, rapidamente a encontra e pede ajuda a Deus, para conseguir sair vivo de certos momentos.

No fundo acho o filme formidável, com uma história simples… que consiste na procura incessante do irmão James Ryan (Matt Damon), até este ser encontrado, mas com um realismo brutal (como já referi), e pelo conteúdo de algumas cenas em particular, que fazer despoletar sentimentos muito fortes de angustia, dor , mágoa, sofrimento, valentia, e coragem como por exemplo o desembarque na Normandia, a perda de amigos/colegas em combate, a dor de uma mãe a saber que perdeu 3 filhos, a garra que um homem tem em continuar a combater depois de saber que perdeu 3 irmãos, a angústia de certas famílias em cenários de guerra, etc.

Uma parte no início do filme, aquando em som de fundo, são lidas em simultâneo inúmeras cartas que estão a ser enviadas para quem perdeu familiares na guerra, faz-me lembrar um filme de Clint Eastwood -“ As Cartas de Iwo Jima” (que não está no meu top, porque só lá cabem 15 – mas vou entregar-lhe uma menção honrosa), em que no final há uma cena parecida onde são lidas simultaneamente muitas cartas, que muitos soldados escreveram s aos seus familiares.

O filme é uma lembrança do soldado Ryan, junto do túmulo do capitão que com uma equipa de 8 elementos, o foi resgatar.

Filme brutal.

'15 filmes da minha vida' - Nº10 - Match Point (2005)



O filme começa com uma cena de um jogo de ténis, onde, normalmente, a bola é atirada de um lado para o outro do campo… numa dessas jogadas, a bola bate na rede e a imagem para… a bola tanto pode cair para um lado, como para o outro lado do campo!! Quem decidirá para que lado ela irá cair? Quem será o ganhador e o perdedor? Serão a sorte e o azar os decisores?

É um filme de Woddy Allen, onde o principal papel é atribuído a Jonathan Rhys Meyers, contracenando com Emily Mortimer e Scarlett Johansson (para mim das actrizes mais bonitas e sensuais da actualidade). Chris Wilton, um professor de ténis, irlandês, decide vir para Londres em busca de uma vida melhor… A ambição fá-lo perseguir a riqueza, e acaba por ver-se envolvido e integrado numa família rica, que lhe dá tudo o que a luxúria lhe pode oferecer… riqueza, estabilidade profissional e um futuro muito promissor e uma esposa - Chloe Hewett Wilton.

Entretanto a felicidade desse ex-professor de ténis não é completa. Sente-se emocionalmente insatisfeito, acaba por não conseguir resistir à beleza de Nola Rice, levando-o a uma vida dupla carregada de hipocrisia, de omissão e mentira. Não consegue abdicar de uma das duas coisas que considera fundamentais para a vida – A Riqueza ou Amor.

A amante era americana e pretendia ser actriz, representar… mas com o andamento do filme, quem tem todas as potencialidades para ser um bom actor é o ex-professor de ténis. Pela forma como consegue “representar” nos vários “palcos” que a vida lhe vai reservando: a sua casa, mulher, família e o quarto da sua amante.

Sempre temos de fazer escolhas na vida… escolhas que por vezes são difíceis, mas na maioria das vezes, procuramos ser sempre nós a trilhar o nosso caminho, e, certas ou erradas as nossas decisões são tomadas.
Perto do final do filme, Chris Wilton, toma a decisão sobre o que deve abdicar na vida: O amor, ou a riqueza. Esta decisão é tomada de uma forma surpreendente e pouco ortodoxa, mas própria de alguém cuja ambição não olha aos meios para atingir os fins.

Também já quase no final do filme, o actor principal atira um anel para o Tamisa… e tal como no início, são a sorte e o azar que escolhem para que lado do limbo o anel deve cair…se vai parar ao rio ou se continuará do lado do actor. E de que forma um simples anel pode traçar o destino de alguém.

É um filme que nos faz pensar se a sorte o azar existem mesmo! Quem os cria, quem escolhe qual deles prevalece…no fundo, se alguém decide o nosso futuro.

Um filme como eu gosto – com um final surpreendente, que ninguém estava à espera. Para além do excelente argumento do filme, acresce o facto de poder rever a linda cidade de Londres e ouvir o inglês na sua genuidade… o british accent!

domingo, 6 de março de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº11 - Gran Torino (2008)


Mais um filme com o Clint Eastwood, como actor principal, realizador e produtor.

Começo o meu comentário pelo final. O filme termina com uma música extraordinária, cuja letra nos vai falando dos valores da nossa existência, e como um bem simbólico - carro, nos pode trazer sentimentos passados, e presentes, e ser um marco da nossa vida.

Toda a música é um poema, carregado de emoção que retrata partes do filme.

“gentle now the tender breeze blows
whispers through my Gran Torino
whistling another tired song”

Gran Torino, é o nome de um carro… um carro antigo, da década de 70, que no filme poucas vezes aparece e nos faz questionar, porquê o filme tem este nome. No fundo o Gran Torino é um símbolo. Um símbolo de valores, recordações, que simboliza a transição de gerações ao qual o coração de Walt Kowalski ( Clint Eastwood), está bastante “amarrado” e representa uma “ancora” no seu tempo passado, presente e futuro.

Walt é um velho ex-combatente da guerra do Vietname, rude, sempre rezingão e com uma personalidade difícil, criada pelo difícil percurso de vida e que nada faz para ser simpático. Mora num bairro onde a sua vizinhança é multicultural, muito dominada por orientais chineses, com a qual este não se identifica.

Passando as suas tarde junto na sua varanda, junto ao jardim de sua casa, Walt assiste aos problemas de aculturação os orientais recebem ensinamentos ocidentais de como se deve ser e estar nesta sociedade. Mas esta sociedade está diferente e nem o velho americano, compreende a nova América. Os problemas culturais e geracionais são obstáculos para o ex-combatente.

É um filme que sublinha o significado da presença ou ausência da família, nos bons e maus momentos. Não só nos momentos festivos e de pesar, em que a tradição “manda” que se deve estar presente, mas também nas restantes ocasiões.

Mas com o desenrolar do filme, a ausência de amor daqueles que supostamente lhe deveriam ser mais próximos, afunda-o numa solidão cujas únicas companhias são o álcool, o tabaco e um cão. Entretanto, por detrás desse homem frio, há um homem com sentimentos, que instintivamente reage a injustiças e começa a ter uma nova atitude face à vida, quando é muito bem acolhido pelos seus vizinhos (com os quais nada simpatizava) e percebe o sentido de família e comunidade, “apegando-se” muito aos 2 vizinhos adolescentes.

Mais não conto desta história que é simples mas cheia de conteúdo.

Se não virem o filme, pelo menos ouçam a música final de Jamie Cullum, cantada pelo próprio Clint Eastwood… acho-a esplendorosa e emocionante. Cada estrofe do poema reflecte partes da vida quotidiana de Walt e espelha-nos o que a vida de cada um de nós pode significar, podendo cada um de nós, à sua maneira, ter o seu próprio “Gran Torino”.

sábado, 5 de março de 2011

'15 filmes da minha vida' - Nº8 - Duplo Amor (2008)


Como é que desejamos quem ainda não conhecemos bem? E em que medida reconhecemos quem desejamos? Todos nós somos muito mais no fundo do que aquilo que mostramos à superfície. Às vezes, e só às vezes, conseguimos ver uma brecha entre o muro que não raramente separa os nossos seres.
Duplo Amor é um filme de aproximações e distanciamentos. Leonard Kraditar (Joaquim Phoenix), é um homem na casa dos 30 que vive atormentado com os seus receios. Ele vive entre a angústia e a esperança. Até que alguém surge no prédio onde vive com os pais. Subitamente, Leonard sente a vitalidade a percorrer-lhe as artérias. Ele vive para a sua musa, que lhe deu novas alegrias e razões para respirar. O amor e a paixão curam tudo.
O enredo do filme é um triângulo composto por Leonard, pela filha de amigos dos pais, Sandra Cohen (Vinessa Shaw) e pela vizinha Michele Rausch (Gwyneth Paltrow). Entre distâncias que se encurtam e aumentam, estas três personagens revelam os seus desejos e contentamentos à medida que a história avança. As emoções e os sentimentos dos três são sempre sugeridos por pistas. Os sonhos que têm, as fragilidades que os acompanham, a boa vontade que possuem.
Em determinados momentos pensamos que agarrando-nos obsessivamente a alguém, tudo o que precisamos vem até nós. Mas a vida evolui ao nosso lado. Tudo o que se pode perder num dia é algo que se pode ganhar quando reconhecemos quem temos perto de nós.
Duplo Amor, do realizador James Gray, é um filme simples à primeira vista mas que se revela complexo à medida que mergulhamos no seu interior. Tal como nós próprios, criaturas seguras de tudo menos da nossa própria fragilidade.

'15 filmes da minha vida' - Nº12 - Sete Vidas (2008)




Duas palavras podem definir este filme: “ Peso de Consciência”! Às vezes na vida cometemos actos dos quais nos arrependemos piamente de os ter cometidos, consciente ou inconscientemente, com plena convicção ou por mera distracção, acontecem certas passagens nas nossas vidas, que as podem mudar completamente! E quando as nossas distracções provocam alterações nas vidas dos outros? Qual o nosso sentimento? Indiferença ou sensação de culpa?

Em sete dias Deus Criou o mundo… em sete minutos eu destruí o meu…” é uma das frases inicias que Tim Thomas (Will Smith) diz logo no início do filme e que dá para imaginar o que aí pode vir! Não quero levantar muito o véu, pois o filme é uma cadeia de acontecimentos que se interligam e vão revelando o significado do nº7.

É a prova de que a vida pode deixar de ter sentido, (mesmo quando nela a felicidade é plena), quando alguém deixa de fazer parte dela. Toda a riqueza não consegue ajudar a comprar ou ressuscitar o amor.

E quando pensamos que a nossa felicidade está comprometida para o resto da vida, qual a é nossa atitude quando alguém ou alguma coisa a faz girar 180º, e nos presenteia com um futuro promissor?

As respostas a estas e muitas outras perguntas são reveladas durante esta excelente “película” cinematográfica. Não é daqueles filmes que comercialmente tenha tido muito impacto, mas para mim, sem sombra de dúvidas, faz parte dos “Filmes da Minha Vida”.

Se não viram, vejam e opinem!